Alexandre Birman mostra o começo da criação de um sapato

Alexandre Birman mostra o começo da criação de um sapato

Nada como o duplo sentido para fazer graça em um título. Alexandre Birman é cobra, porque sabe tudo, desde lidar com a torquês que aperta o cabedal na fôrma de madeira, até receber as clientes ansiosas pelos novos modelos da coleção. Afinal, ele foi criado dentro das fábricas da Arezzo, empresa da família. E a marca Alexandre Birman também é cobra, porque a python é o material principal dos modelos de alto luxo, confeccionados à mão, pelo processo mais artesanal do setor.

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A marca e seu líder estiveram presentes em trunk show no hotel Fasano, com um resultado tão bom nas vendas, que Alexandre planeja repetir o evento três vezes por ano.

_ O grupo tem quatro marcas, bem diferentes: a Arezzo é plural, tem uma coleção grande, para vários tipos de mulheres; a Schutz, mais jovem, vem com atitude e um conceito fast fashion; Alexandre Birman aposta no design e no luxo, tem o preço médio de R$ 1.000; e há dois anos lançamos a Ana Capri, com rasteiras, sapatilhas e preços abaixo de R$ 99 -, começou Alexandre, que desde os 14 anos aprendeu o métier de sapateiro. Este conhecimento se reflete no gesto quase carinhoso ao pegar uma forma de madeira, para mostrar de onde saem os modelos. “Ela é coberta com fita crepe, onde é feito o desenho do modelo. Depois, faz-se o molde para cortar o couro. Tudo isto pode ser feito no computador, mas na Alexandre Birman é feito artesanalmente”.

Coleção colorida – A cobra python favorece o trabalho de colorido, já que a pele, com seus tons claros e escuros, ajuda a dar as nuances, aplicadas com pincel ou esponjas. “A linha noite não predomina, esta marca fica no casual chique. A alta qualidade resulta dos três anos de treinamento dos funcionários com equipes italianas”, explicava Alexandre, entre cumprimentos às clientes que não paravam de calçar as novidades na sala de negócios do Fasano.

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Na moda, estão as sandálias rasteiras, as altas, com tiras montadas em tressê de tiras estreitinhas de atanado (um sucesso nas lojas internacionais); as anabelas com solado coberto de rami, um tipo de juta mais fina e delicada, sem aparência de fiapos saindo da trama. “Neste tipo de marca de luxo não há mudanças drásticas a cada coleção. Mas para o verão, a espadrille deve ser uma líder de estilo. “

As plataformas com meia-pata diminuem, as sapatilhas continuam, com o requinte do forro de pelica. Além dos sapatos a Alexandre Birman, que tem por enquanto apenas uma flagship em São Paulo, e concentra as vendas para as multimarcas da Europa, como a Brown’s e Selfridge’s, está desenvolvendo bolsas e braceletes, sempre na preciosa pele de python.

A coleção vista no Rio, em esquema trunk show, será apresentada no hemisfério norte a partir de setembro. “Vendemos primeiro aqui no Brasil. Em setembro participamos mais uma vez do desfile do Pedro Lourenço em Paris. Para mim, ele é atualmente o grande designer brasileiro”.

Uma sandália rasteira custa em torno dos R$ 650; uma sandália alta de tirinhas delicadas chega aos R$ 900. A marca Alexandre Birman entra no mercado nacional e internacional como uma concorrente para grifes como Christian Louboutin e Manolo Blahnik.

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O que é:

Cabedal: parte de cima do sapato, o que não for solado

Espadrille: calçado de origem espanhola, com cabedal em tecido e solado de corda

Flagship: loja matriz, o espaço mais conceitual de uma marca de moda

Python: espécie de cobra não-venenosa indiana ou africana, de pele escamada em preto e branco

Trunk show: evento que lembra os antigos mascates. A marca viaja e vende seus produtos como se viessem em malas, fora do ambiente normal de loja