Esta edição da SPFW fez alguns bons investimentos. Como evento, deu show com dois pontos: na campanha pelas mulheres que passaram por violência doméstica e na expo de LEDs com o conceito das mãos que trabalham. Soluções simples com tecnologias complicadas, principalmente neste caso dos grandes LEDs no corredor que levava à sala dos fundos.

Outro bom investimento foi a aposta em moda masculina. De moda praia a temas mais conceituais, vimos pelo menos algum otimismo em tirar os homens do bermudão e da regata, no verão.

Sem dúvida, neste caso, a grande surpresa foi Murilo Lomas, que estreou no evento. Pelas fotos, parece nada demais _ mas ao vivo, impressionou pela qualidade das malhas, pelo bom uso do couro e dos linhos. Predomínio do preto e branco, do corte ajustado e estampas que não comprometem a elegância do conjunto. Destaque para os padrões em estilo Art Deco, meio Delaunay.

Como modelo, destaque para a polo de mangas longas, com bolso e o hoodie fininho, azul. No final, veio até uma proposta de terno branco, perfeito para noivos antenados.

A roupa assinada pelo Murilo tem jeito de made in Italy, pela modelagem sexy, que realça músculos e boas formas. Nem precisava trazer a top feminina Amanda Wellsh para mostrar um blusão, o elenco masculino, meio descabelado, segurou a onda do desfile todo.

No final, a emoção do designer levando para os bastidores o companheiro, o maravilhoso arquiteto Sig Bergamin, que estava sentadinho na fila A central da sala.

Ficha: estilo: Murilo Lomas; styling: Luis Fiod; make: Fabiana Gomes; cabelo: Evandro Angelo e equipe Celso Kamura; trilha: Marina Diniz e William Ribeiro

E mais: bom, há alguns defeitos na SPFW, além dos investimentos que deram certo. O pior é a alimentação: deve haver um restaurante, além dos food trucks. Quando a agenda fica lotada de desfiles, nem há tempo de esperar pelos quitutes da sala de imprensa. E vamos combinar, que dá medo passar uma semana comendo quibinho e sanduba sei lá de que / outro, eterno, é a entrada da imprensa. Fica um engarrafamento nas portas, junto com as filas de convidados, que reclamam daquela gente de credencial no pescoço, que parece estar sempre furando fila. Mas se entrarmos nas filas genéricas, perdemos os lugares. Tem que haver uma entrada para a imprensa, talvez pelo mesmo corredor por onde entram os fotógrafos. Primeiro, eles entram, depois os que escrevem ou que não portam credenciais de PIT / outra maldade é a quantidade de desfiles externos. Ok, os locais são bonitos, fica diferente, rende outras pautas. Mas dói sair às nove, rodar de van para um lugar, depois seguir para outro e só então chegar à Bienal.