Vaidade não faltava no bando do Lampião. Tanto ele, o chefe, como a sua madame, Maria Bonita, curtiam enfeites, lenços, bolsinhas. Helô Rocha aproveitou o mote desta estética meio rústica, e transformou em coleção super delicada. Imaginem, nos tecidos, explorou as transparências da organza. Nada de cores terrosas, sertanejas _ são delicados tons de azul, nude, off white. Foi um show de babados, decotes coração, aberturas revelando os ombros em blusas, vestidos e looks com calças. Até bordadinhos compareceram, minúsculas pecinhas metalizadas aplicadas no alto dos modelos. Para não dizer que era tudo tão fofo, os sapatos pesadões, tacheados. Maria Bonita teria adorado este olhar distante do estilo cangaceiro..

Helô Rocha deixou para trás a singeleza da Têca, investe em coleções muito femininas, rebuscadas, ainda com interferências artesanais. Deve ser uma favorita das noivas e debutantes, pela graça misturada a sensualidade. Só no desfile fica um pouco repetitivo, talvez em sala sem a fila central houvesse mais recursos de jogar as modelos em grupos, para diminuir a impressão de já ter visto aquele vestido de babados passar.

Ficha: direção criativa: Helô Rocha; stylist: Daniel Ueda; beleza: Henrique Martins; trilha: Mestrinho; produção do desfile: Ruy Furtado

Fotos Ines Rozario