Adoro Paris. Tenho que reconhecer que há defeitos nesta cidade linda, assim como no Rio. Um deles é a internet. O hotel Adagio não consegue fazer funcionar, diz que é um defeito de peça. O Starbucks, que tem wifi no mundo inteiro, está sem. No público, nem pensar. Nem os residenciais, a cabo, estão conseguindo dar conta da quantidade de megas que sobem com as fotos durante estas semanas de moda. A solução é se abrigar no lobby de um super cinco estrelas, que demanda deslocamento com equipamentos, corridas e atrasos para os desfiles – claro, o lugar, quando está marcado, é sempre perdido, fica-se em pé, de qualquer jeito. As madrugadas são usadas para dormir, nunca para trabalhar, aproveitando a diferença de cinco horas na frente do Brasil.
Bem, nada nem ninguém é perfeito. Os desfiles estão rolando, com ou sem internet. Parece que o problema maior é aqui, em Bercy. Mas vamos tentar atualizar as novidades:
Lanvin / foto Marina Sprogis
Rick Owens / foto Marina Sprogis
Dior foi liiindo, com ou sem Marc Jacobs. Quem assinou foi o Bill Geytten, que já moureja nos ateliês da marca. Ele fez um trabalho completamente baseado nos arquivos Dior, mas com um jeito moderno. Saias pelos joelhos, armadinhas, camisetas com cintos estreitos. Até o famoso longo branco, com tiras bordadas pretas saindo irregulares da cintura estava lá. Quem precisa de diretor de criação novo, quando tem um Geytten?
Este comprimento se repetiu no Lanvin, também lindo. Tubos cinturados – acho que devem até ter pences, para modelar. Eh, coisa antiga, pence! Em preto, beges-nudes (sempre presentes na marca), lapelas de smoking, alguns bicolores. Importante, a linha noite é basicamente composta por body e sobreposição de vestido de tule. As pernas ficam de fora, pela transparência. Bonito
Para quem torce o nariz para estes looks madame, aconselho a procurar a etiqueta Isabel Marant nas roupas. Inspirada em cores e ícones americanos, ela fez desde camisetões de times até calças estilo adidas, com listras laterais. Muitos tricôs tramados coloridões, macaquinhos com bolsões (Isabeli e Isabel Goulart – desculpem, confundo com a Alessandra Goulart, uma das duas). Para a noite, o glamour volta: rendas pretas, metalizados sensuais. Ah, sandálias quase gladiadoras, com correntinhas de vários modelos nos tornozelos, e salto fino. Sabem que são lindinhas, apesar de enjoar só da idéia de gladiadoras de novo?
No Viktor & Rolf, as modelos saíam de uma Bomboniere – quem viu Quebra-nozes lembra da cena das bailarinhas saindo de dentro da saia da bailarina que fica no alto. Mas é uma versão meio Medusa, porque são duas mulheres cantando lá no alto. Agora, tenho até medo de descrever a coleção. Digamos que se trata de arabescos e passa-fitas. Passa-fitas gigantescos, contornando tudo com fitas vermelhas, azuis, etc sobre fundo preto. Tipo do desfile que a gente sai achando horrivel, depois saca que há algo interessante por ali. Bem, ok para os recortes de arabescos. Ainda não engoli os sapatos de babados – quem sabe, o babado franzido vai substituir os laços nas sapatilhas? Nem os passa-fitas gigantes. Esperem, me dêm um tempo.
Intervalo / gente, sem comentários. Ficar sem internet em viagem de trabalho, ninguém merece / já vejo meninas em estilo tubinho bege e salto alto, bolsa chique, na platéia. Lindas. E jovens, este é o segredo. Acima dos 50, este tipo de look envelhece. Como sempre digo, moda que a gente já usou, não pode usar mais
Dior / foto Marina Sprogis