A edição do verão 2007/2008 da São Paulo Fashion Week começou com espírito brincalhão. A partir do patrocínio da Mattel, fabricante da boneca Barbie, Fausen Haten trocou o jeans pelos georgettes e engrenou no tema da infância, felicidade e singularidade para mostrar modelos femininos com golas de pierrô, macacões de bolas em preto e branco, como palhacinhos antigos e combinações em tom de pele sobre saias enviesadas, lembrando fadas. Na ala masculina, o palhaço foi o tema mais explorado. Os rapazes portavam narizes postiços pretos, camisetas com estampas e bordados de clown. Mas a brincadeira acaba aí, porque esta fantasia acompanhava calças pretas em impecável corte de alfaiataria.
Quatro vestidos expressaram o lado Barbie de Fause. A silhueta da boneca, bordada sobre vestidos curtos ou longos em preto ou bege-pele foram desfilados pelas atrizes Paola Oliveira, Taís Araújo, Camila Rodrigues e Erika Mader (foi a que vestiu melhor,um mini desestruturado em georgete preto com a silhueta como um camafeu, também em preto.
Rodapé / Fause Haten reduziu bastante a importância do jeans na coleção. Passou apenas uma calça em denim raw, quase preto, masculina / Aliás, nem o próprio usou jeans. Nos agradecimentos, estava de branco / Hoje, dia de Santo Antônio, motivou a entrega de santinhos, deixados nas elegantes cadeiras iguais às usadas nos desfiles parisienses. Junto, uma rosa branca / as coleções de Barbie já foram assinados pela Doc Dog e Cavalera. Este ano, é a vez do Fause, e ele vai vender 20 peças inspiradas pela boneca, que “nasceu” em 58 / Segundo Val Balsa, assessora da marca Barbie, os estilistas gostam de criar este tipo de coleção. “ quando acaba um desfile e uma temporada, já temos uma fila de interessados no patrocínio e na invenção das peças”, comentou Val / “meu trabalho é oferecer a cada estação um pedaço de minha vida, expressa na minha roupa”, de auto-definiu Fause Haten
Alexandre Herchcovitch (feminino)
Os holandeses Victor & Rolf já usaram o tema tango e as casacas como referências; Kenzo contratou bailarinos de tango para animar o desfile de março e Clara Vasconcelos, da Tessuti, do Rio, também lembrou das casacas de maestro no estilo deste inverno. O desfile de Herchcovitch demonstrou que é sempre possível usar a mesma fonte, e produzir um belo trabalho. A base da alfaiataria vai desde casacas quase tradicionais até uma sutil lapela colorida sobre um vestido. Muitas bermudas-ciclistas (justas e curtas), sempre em preto, modelos em frente-única com alças retorcidas, ou em tecido amassado, empapelado.
O módulo final deixou de lado a alfaiataria e concentrou esforços em blusas e vestidos com decotes cortados em pétalas. Marina Dias, a modelo tatuada que faz cinema na Europa (um filme, “Model” com Diane Kruger), mostrou a versão em vermelho desta linha floral, de pétalas
Rodapé / Fause sem jeans, Alexandre sem patchwork, temos mudanças por aí /da parte de Herchcovitch, pode ser questão de adaptação a um mercado internacional. O último desfile, em Nova York, fez sucesso, foi bem comentado e vendeu direito / o cacique Raoni veio comentar sobre o projeto envolvendo a Amazônia e a moda / Herchcovitch está de barba e bigode