Mary Arantes agradeceu aos aplausos no final do desfile de abertura
Belo Horizonte – A assinatura do evento mudou – saiu Ronaldo Fraga, entra Mary Arantes – mas o espirito mineiro continua. O impacto de espetáculo, a dramaticidade e a qualidade do estilo permanecem. No desfile de abertura, a cenografia de passarela ladeada por telas, com degraus de destaques cercados de retalhos coloridos, e mesmo a escolha da primeira música, Assum Preto, cantada por Marina de la Riva, tudo refletiu a atmosfera dramática- poética de Minas, que impregna também a moda local. Este desfile de abertura do Minas Trend faz um apanhado das coleções que participam dos salão de negócios. Há uma bela harmonia nos looks, antecipando um verão de brancos – lindos, nos conjuntos com pantalonas -, beges e cremosos, muitos com interferências douradas nas tramas ou em bordados e aplicações. A mistura de tecidos inclui plissados, rendados e metalizados. Nada agressivo, tudo elegante, complementado por chapéus esculturais e óculos grandes, de metal.
Vanessa Moreira vestiu look de Lucas Magalhães e colar Camaleoa
Amanda Gresser com dourados Jardin, cinto La Spezia e colar Claudia Arbex
Marina Very com plissados Apartamento 03 e colar Mary Design. Todos os chapéus são de papel, pela Futurarte
Michelle Gassen com transparências da Gig
Lary Arcanjo com preciosidade em couros da Patricia Motta, cinto La Spezia e pelerine Hellana Lajes
Camila Mingori com rendados e plumas Mabel Magalhães
Mary conta tudo – quando o desfile deslumbra, baixa o ímpeto de falar com quem fez. No caso, a querida Mary, mais conhecida pelas artes que cria na grife Mary Design, que acompanho desde os anos 1980. Ela pode se orgulhar de ser uma precursora do movimento muito em moda atualmente. Sempre trabalhou com reciclagem e aproveitamento de materiais, desde o tempo em que ninguém falava na tal sustentabilidade. Pois foi este o conceito de muita coisa neste show: os retalhos amontoados na passarela foram recolhidos como sobras nas fabricas e confecções, durante dois meses; canudinhos de papel reciclado formaram os chapéus maravilhosos, feitos pela Futurarte, que trabalha com artesãs carentes. “A moda brasileira ainda não tem sustentabilidade, mas vamos começar, está para ser assinado um acordo para a coleta seletiva em Belo Horizonte. Não basta recolher os retalhos, precisamos mapear as marcas que querem participar, decidir o que fazer, ter um espaço para colocar, criar oficinas que podem ocupar pessoas carentes, trabalhar em presídios. Mesmo o que se faz no evento, deveria ser aproveitado em exposições, usado como peças de museu”, sugeriu Mary, depois do desfile. Feliz com o resultado, partilhou o sucesso com Pedro Lázaro, arquiteto autor de seus show-rooms que concebeu a cenografia em madeiras claras e véus brancos. “Trabalhamos juntos há tento tempo, que se eu ligar para o Pedro de manhã, dizendo que sonhei com um pássaro, ele logo diz, “ah, então vou fazer a vitrine com pássaros”! A pesquisa dos looks foi de Mariana Sucupira e a beleza, do Ricardo dos Anjos.
Fotos Ines Rozario
Intervalo / mais uma pequena batalha com a conexnao no hotel. Desta vez, é o Mercure, em Lourdes, que traz uma mensagem de “problemas com servidor e a interface, etc”. Noite perdida, pela manhã, chama-se um técnico. Vem o Lucas, da equipe de manutenção, liga o computador e pá – funciona. Sabem quando se leva criança com febre ao pediatra? Chega lá no consultório, está tudo bem, a febre sumiu? Pois é, assim é a vida / impressionante a organização do desfile. Foi distribuído uma pen drive com todos os looks do show, com os créditos de cada um, o nome da modelo e todos os acessórios. Só nos desfiles do Valentino e do Marc Jacobs vi esta organização / Vôo da Gol muito bom, em Boeing 737-800 novinho, igual ao da Copa, com luzes azuis na cabine e compartimentos grandes para a bagagem de mão. Mesmo sendo apenas 45 minutos de vôo, serviram sachês de amendoim e rosquinhas, com sucos ou refrigerantes. Em se tratando da Gol, um espanto muito bem-vindo / falando em comilança, mesmo se o ExpoMinas estivesse feio (não estava, pelo contrário), que o desfile fosse fraco (foi lindo), teria valido a pena vir para BH por um detalhe do coquetel. Aliás, dois: o doce de chocolate tipo Prestígio, com recheio de coco e…linguicinhas trufadas! Que delícia típica, estilizada! Sempre ouço comentários positivos sobre as festas mineiras – faz sentido, se tiverem este tipo de criatividade gastronômica / impecável até no horário, começou pontualmente às 22h, o desfile organizado pela Mary marca uma etapa importante na sustentabilidade, porque demonstra que há muito luxo e beleza no que se considera lixo.