Alguém ainda quer saber se a roupa do Jean-Paul Gaultier é boa? Ora, desde os anos 1980 ele é responsável pelos convites mais disputados da semana de Paris? Por que? Porque são desfiles temáticos – alguns para lembrar: África (infernalmente quente, dentro do Museu da África), Índia, Hippie, Parisiense (as modelos fumavam na passarela), Frida Kahlo (maravilhoso, colorido), com um carrossel, no Museu do Circo ou Artes Forenses -, porque ele tem uma identidade parisiense, como tinha o Yves Saint Laurent, porque ele faz figurinos de shows da Madonna, porque é um cara animado, baladeiro. Leram até aqui?
Em matéria de roupa, nem é preciso ir ao desfile para saber como é a coleção. Tem calça risca de giz, trench coat bege ou preto, camiseta listradinha de marinheiro de Marselha, saia lápis preta, sutiãs aparentes de cetim ou renda, corpetes, jardineira jeans, pantalonas e pelo menos um terno.
Tudo isto estava no desfile de ontem, claro. Mas faltou falar do show. Para lembrar seus princípios, o sucesso dos anos 1980, Gaultier homenageou ícones da música pop. Começou com a boca de cena na sala da rue Saint Martin (uma base dele em Paris, lugar pouco confortável para a plateia e para os fotógrafos) com um andaime, cheio de figurantes e modelos fazendo poses de Grace Jones nas fotos do Jean-Paul Goude, seu marido na época. Daí em diante, foi só música e ícones:
Grace Jones: smokings e ternos estilizados pretos
Michael Jackson: jaquetas e blusões de cetim, calças folgadas com cuecas aparecendo
Annie Lenox: terno risca de giz
Boy George: camisões e calças de seda estampada, largos
Madonna: sutiãs lembrando o figurino da turnê Blond Ambition e da atual, em preto
Jane Birkin: capa trench coat e pantalona em azul-jeans
David Bowie: como Ziggy Stardust, de body de uma perna e uma manga
Sade: ( a série mais bonita) vestidos com barras de macramê e franjas
Impressionante a caracterização das modelos. Ficaram iguais aos originais.