Há muito tempo não via uma coleção tão certa. Sorte dos 380 convidados em cada desfile (foram dois) que viram o desfile com roupas e ambiente inspirados em algo inesperado: uma cobertura em plena avenida dos Champs Elysées, no número 136. É o apartamento Beistegui, assinado pelo Le Corbusier. Uma mistura de absoluto minimalismo, paredes brancas, móveis rococós e espelhos decorativos. Só isto já arrasou, repetido na cenografia com lareiras e fogo digital nas pontas da passarela e um grande espelho barroco. A tradução para a moda incluiu tailleurs quase clássicos, muito cinza-concreto e preto, alguns tons de vermelho. A gala, fundamental na Alta Costura, veio com penas recheando tules, rendas emborrachadas e neoprene branco no vestido da noiva grávida no final. Como Lagerfeld conceituou, foi Corbusier em Versalhes.
Cobertura do apartamento Beistegui, em Paris, projeto de Le Corbusier
Cinza-concreto foi a cor mais vista na coleção, principalmente nos tailleurs
Ainda não me acostumei com estas sandálias rasteiras com fitas de sapatilha de ballet
Os bordados e entalhes seguem a linha geométrica-minimalista
Arabescos rococós dourados no casaco. Na bolsa atravessada, o mesmo bordado
Ombros acentuados e ciclista por baixo do tailleur. Gosto deste tom de vermelho
Outro tom de vermelho, mais luminoso, com o mesmo corte do anterior
Longo com bordados prata, repetidos na bolsa atravessada
Karl Lagerfeld no final, ao lado da noiva grávida, com vestido de neoprene
Fotos Marina Sprogis /PixelFormula
E mais / dá até enjôo falar de futebol, mas o cabelo das modelos em Chanel estava igual ao do Neymar, topete arrepiado e claro / queria conhecer este apartamento, se é que ainda existe deste jeito / estranho, esta coleção de alta costura é de inverno, e as modelos calçavam estas sandálias de lacinho. Já pensaram, no frio do fim do ano? Bem, quem compra alta costura ou vive no luxo dos países do deserto ou jamais bota os pezinhos nas calçadas do mundo. Só pisam em tapetes persas, mármores. Concreto, só se for nos vestidos Chanel…