Toda coleção e todo desfile devem ser mais do que vendedores de roupas e acessórios. É preciso contar uma história, algo além dasmulheres mais lindas do mundo passando pelos cenários.
Paula Raia forneceu a história completa e perfeita. Primeiro, pelo local, a casa cercada de jardins com salões envidraçados depois, a sorte de ter chegado cedo, com tempo para pesquisar o camarim. Saber que o Ricardo dos anjos estava montando apliques como tranças com pontos de macramê. “É o que está na coleção”, explicou, resumindo. Ver de perto as roupas em tons crus e ouvir a Paula contando do trabalho de artesãs, muitas, cada uma tramando, bordando, dando nós nas fibras naturais. ” Cada pedaço é unido ao outro, nos vestidos” , explicou Paula. Como se fosse uma espécie de Alta Costura, com o mesmo valor artesanal e de bom gosto da similar parisiense.
Faltava falar da chamada referência. Era mar, a mulher que sai do mar, daí as visões de redes de pesca, de espuma de indas.
Enfim, quando o desfile começou, deu um clic. Uma espécie de transporte para aquele mundo de passos lentos, de música neutra, de jardins, de vestidos longos trabalhados com franjas, nós, relevos e volumes, cheios de detalhes, pedaços de pele revelados por cordas e recortes. Muito bonito, o show da Paula Raia. E para quem acha que era só conceito, puro engano: ela vai produzir exatamente como desfilaram, ” poucas peças, claro” , mas vão para o mundo real do varejo, saindo daquele sonho de moda.
Ah – no meio dos lindos longos, um destaque: as calcinhas/hot pants de tiras laterais, no mesmo tom dos vestidos
foto Ines Rozario