Ainda temos que descobrir como funciona o mercado brasileiro. Nos anos 1970 e 1980 era comum concluirmos que a grande qualidade da moda brasileira era o mercado consumidor! As clientes que corriam para as butiques no mínimo uma vez por semana em busca de novidades sustentavam as marcas e renovavam as coleções.
Neste século doido, neste 21 estranho, muita coisa mudou. O consumo de casa aumentou, dá preguiça de ir para os shoppings, já que clicando nos sites não só as escolhas são maiores como acontece de os preços serem menores no e-commerce.
E de repente, um estilista alemão se instala no Village Mall, uma loja administrada por uma ex-modelo brasileira com quem é casado. Roupas de luxo no shopping de luxo (mas que tem uma boa Renner).
Não satisfeito com as vitrines que brilham com mocassins e roupas trabalhadas com cristais, o Philipp Plein, marido da bela Fernanda Rigon, traz para o Rio a coleção Hot Couture. Com direito a desfile no quiosque em frente à loja, a DJ Camila Peixoto, champanhe rolando. Perguntei à Fernanda o preço da coleção. “De R$ 44 mil a R$ 118 mil”, respondeu. Devo ter arregalado os olhos, porque ela riu e completou “e já foram vendidos dois!”.
Como é Hot Couture (trocadilho com Haute Couture), toda confeccionada no ateliê de Los Angeles (existe outro em Milão), se um modelo é vendido, ele sai do conjunto de 12 looks. Se por acaso não for o manequim da cliente, ela terá o seu feito sob medida.
Na primeira impressão o estilo tem brilho demais, fendas demais. Depois, parece que merecia uma coerência maior no casting, talvez cabelos mais neutros, iguais. As modelos poderiam ter parado para os dois lados onde havia fotógrafos _ impossível não notarem que havia duas Nikons apontadas para elas de um lado.
Querem saber? É um estilo. Um estilo luxuoso, exagerado, sexy, que às vezes nem precisa ser levado a sério, mas tem sua graça.
Quanto ao nosso mercado, ainda me surpreendo com a capacidade financeira de alguém comprar um super vestido por no mínimo R$ 44 mil! Assim: gostei, PÁ, comprei.