Pelo jeito, na próxima edição do Fashion Rio teremos um povo do RMH sendo alçado ao desfile solo. Há as restrições de produção, de ter pontos de venda, de garantir um status de profissionalização que nem sempre os novos conseguem, em tão pouco tempo. Nestes dois dias, porém, pelo que se viu na passarela, nomes como Daniela Konnoly, Felipe Eiras, Adriana Pacheco e Carol Sofia merecem um upgrade, a subida para os Novos Designers.
Dia 2 do RMH
Koolture, de Daniela Konnoly: chega de rock, de camisetinhas com brilho e looks sexy/disco. Vestidos curtos, linha A, com aplicações espelhadas na barra e decote, em preto e branco total, dos óculos de poás aos tênis de cano alto, que tiram a impressão de roupinha de brechó. Um pouco Audrey Hepburn, um pouco Twiggy, só não deu para identificar o tema “Dançando na Chuva”. Mas foi fofo.
AdPac: Adriana Pacheco leu “Zumbi, uma história mal contada” e criou o Funk Quilombo, roupa masculina original, em pied-de-poule lilás, imaginem. E funcionou, inovou nas peças oversize – blusões canguru, suéteres -, compensados pelas calças skinny em jeans washed. Um acessório, o cordão com búzio grandão. O quilombo estava no carimbo nas costas de uma calça; o funk, nos casacos com capuz, eu suponho
Renata Veras: as meninas estão feras no couro. A nova geração, representada por Renata e por Carol Rossato, propõe formas muito mais livres em chamois, napas & cia. Renata, sobrinha de Amaury Veras, foi do vestido com estampa de árvores ao casaquinho Couture, passando pela saia em duplo balonê. O casaco com visual desgastado é clássico, para agradar a quem prefere investir em roupa, em vez de moda. Uma graça, as touquinhas de aviador. Mas tem que ter aquele rosto bonito, de Michele Provenzi, no mínimo
Felipe Eiras: ele sabe fazer tricô, crochê, bordar, o que for preciso para produzir uma roupa diferente. Uma amostra, no blusão de patch de pontos diversos, o que chamo de peça de coleção ou de museu, de tão bonito. Felipe aprendeu também que é preciso vender a roupa, e desfilou camisas masculinas com peitilhos de trás para frente, suéteres de listras desiguais, com tiras saindo pelos lados e impressionantes coletes feitos inteiramente de botões forrados ou a blusa feminina, toda de tirinhas abotoadas. Parece estranho, pela descrição, mas perto do que Felipe faz normalmente, estava super-comercial. Tinha até casaca, calça cinza e camisa branca, look ideal para um noivo trendy!
R. Groove: mais um nome para a moda masculina, o Henrique Gonçalves. Ele estreou no Rio Moda Hype com calças com cortes ousados, largas no alto, ajustadas do joelho até a barra, usou o black jeans e arriscou um dourado em colete matelassê e calça skinny
Despi: Despina Filos foi mais literal, na inspiração na Amazônia e no mercado Ver-o-peso, em Belém. Vestido em tiras imitando árvore, estampas lembrando desenhos indígenas e aplicações de tramas rústicas combinadas com pedras (o Pará é um dos grandes pólos de pedras brasileiras) nas barras de batas de renda mostraram porque a Despi vende horrores quando vai para os salões de Nova York e atraiu a atenção de belgas na edição de verão do Fashion Rio. Ainda atendeu ao gosto nacional, pouco chegado a estes toques nacionalistas, com um belo casaquinho preto, de costas bordadas e calça skinny. Teve um ar vitoriano, gótico, internacional.
Rodapé / no Fashion Business, sente-se falta de mais espaço para a novidade, o Salão do Acessório. Acho que ainda vai render muito. Afinal, bolsa bonita não falta no Brasil / Falando nisso, é uma fofice a bolsinha de vinil da Tutti. Parece de boneca, em rosa, laranja, mas tem funcionalidade de gente grande, com bolsinho para celular, chaves, etc. É o mimo do lounge do JB, no Mídia Center / botas ótimas, na Sandra Senamo, que veio feliz da vida de São Paulo para o evento carioca. Têm preços bons, devem sair de R$ 380 a R$ 480 no varejo / fotógrafos reclamam: as modelos estão olhando muito para o chão. O que é isso, meninas? Medo de cair?