Bem, cá estamos nestas terras parisienses. Um tanto atrasadas, porque os papeis das inscrições demoraram a chegar. Mas tudo se resolve, enfim. Importante é que o convitinho do Martin Margiela já está aqui na minha mesa! Vir para Paris e não ver Margiela, melhor ficar no Rio para sair na Porto da Pedra… Até agora, no terceiro dia de coleções, já há alguns destaques ululantes para o outono-inverno 2011/12 no hemisfério norte. Faço questão de destacar este tempo e local, para evitar equívocos de vestimentas. Apesar de que há muitas idéias interessantes para o verão…
1. o cachecol morreu. Será substituído pelas golas enormes, que cobrem os ombros e sobem pelos pescoços. Visto em Guy Laroche (sabem quem é o estilista atual? Martin Margiela!), Dries van Noten.
2. Nem sempre isto é um aquecedor de pescoço. Pode ser simplesmente um corte novo nos modelos. Importante notar que o destaque subiu para os ombros, colo e pescoço. Lembrem, o destaque já foi para a bainha (na modelagem balonê), para os quadris (com os drapeados) e para as pernas (com as calças skinny)
3. Roupa moderna mistura texturas. Uma barra de cetim no meio de um vestido de malha. Uma faixa de pele fake na bainha de um casaco. Mangas de georgete, peludas ou de tricô em casacos lisos. Tecidos crespos e lisos nas mesmas peças. Foscos e brilhantes, formando recortes retos
4. Vale também o patchwork. Estampa geométrica com floral oriental. Desenhos afros com listrados irregulares. Brocado prata com lamê ouro.
5. Ainda não vi: veludo, devorês, furtacores (ou changeants, como dizem aqui). Vi muito: couro natural, couro verniz, croco, python. Peles baixas, como astracã, carneiro raspado. Malhas finas, devem ser cashmere ou outras lãs eficientes. Tricôs esburacados, trançados, grandes, deixando um ombro de fora. Brrrr, que frio
6. Alfaiataria continua. Inspiração nas casacas, já que há muitos prolongamentos nas costas. Pode ser em tecido diferente, mais leve, como fez o Hakaan, até agora um dos tops da semana francesa. Voltaram as bermudas com pregas, pretinhas. Mas as calças estão muito largas para meu gosto. Super-engordativas, em Rochas
7 . Muito, muito, muito preto. Algum caramelo, uns branquinhos tímidos. E o vermelho, nem que seja um look só, em cada desfile que admita outras cores além do preto. Sim, porque gente como o estreante belga Anthony Vaccarello (por enquanto, meio fraco), fez tudo em preto. Ou um Harry Halim, um tanto vampiresco. E o argumento definitivo: Gareth Pugh só fez couro e preto
8. Sapatos vão perdendo as plataformas. A não ser algumas botas pesadonas, no Corrado de Biase, a maioria investe nos saltos altos e finos, bicos alongados. Muitas tiras largas no tornozelo. Sabem a impressão que dá? Que tiraram a frente de uma ankle boot, deixaram o mínimo para segurar e uma base forte no calcanhar e tornozelo.
9. Bolsas viram carteiras. Quando são bolsas, mesmo assim as modelos seguram como carteiròes. Pouco prático.
10. O comprimento longuete deve pegar. A gente estranha no princípio, como sempre que algo muda na moda. Daqui a três meses vamos achar lindo.
Intervalo / a tal gola que vai substituir a echarpe e o cachecol se chama “snood” / estratégia para reduzir rugas em volta dos lábios: massagens por dentro da boca, eca. Vejam em joelle-ciocco.com, ela é a Carla Assed daqui / Até dia 10 de março tem performances em torno de Chanel na Colette / lá vem a segunda geração dos criadores dos anos 1980: Limi Feu, filha do Yohji Yamamoto, já assina a própria grife / e a Vivienne Westwood, quase nos 70 anos? / e o Jude Law, que parece que vai para o carnaval no Rio? / Ainda não confirmada a saída de John Galliano da Dior. Mas Stefano Pilati sai mesmo da Saint-Laurent. Hedi Slimane é cobiçado pelas duas marcas, de dois grupos diferentes. Dior é do LVMH e YSL, do PPR