Um desfile é composto por diversos elementos, como make, cabelo, acessórios, cenário, trilha sonora e, claro, a coleção. O ideal é que o conceito da marca esteja traduzido em cada um desses elementos em separado e, principalmente, neles juntos na passarela. Porém, o costume que se tem é entrevistar estilistas, stylists, maquiadores e cabeleireiros e o DJ ou responsáveis pela trilha acabam sendo pouco procurados. Com o intuito de entender como se dá a integração do visual com a música e como a trilha traduz o conceito da coleção, entrevistei Guto Guerra, da Gomus, responsável pela trilha do desfile da Sta. Ephigênia.
Como foi feita a trilha para o desfile? Qual foi a inspiração?
Guto Guerra: Eu trabalho na Gomus, uma empresa de identidade musical que cria para marcas de moda, e este trabalho com a Sta. Ephigênia começou há três meses atrás quando tivemos uma reunião e vimos croquis e esboços do estilista sobre o que seria sua coleção. Também nos passaram suas referências visuais. Fizemos essa trilha olhando os quadros de Gaugin e, a partir daí, tínhamos duas vertentes: a tribal e outro com pegada mais futurista. Escolhemos a segunda, com referências modernas que apontam para o futuro e possui um ‘quê’ de moda, funciona muito bem na passarela, além de ser bastante exótica. Usamos uma música do Japão, da Arábia Saudita e Nova Zelândia. E acho que a grande sacada foi o final com a música Isla Borrita.
E como foi essa escolha desse final?
GG: O final foi porque combinou com o cenário. Além disso, o estilista pessoalmente gostou e aprovou.
Então, são vocês que fazem e depois o estilista aprova? Como é esse processo?
GG: Não. Todo o trabalho é feito em conjunto com a equipe de estilo. Essa prática não é comum no Brasil e muitos DJs fazem a trilha e só conhecem o estilista na hora do desfile. A Gomus não trabalha assim.