Fotos Ines Rozario
A vantagem de viver em um país tão grande, pelo menos em se tratando de moda, é se deparar com originalidades surpreendentes. Assim como o Piauí nos encanta com os linhos e camisaria do Antonio Meneses, agora vem de Joinville uma autora de talento impressionante.
Já tinha feito a prévia deste evento, aqui no site. Mas depois de ter visto ao vivo, tinha que repetir!
Claire Juliani trouxe um pedaço do ateliê, desde tapetes até o papel pardo que embala os modelos
A Claire Juliani, que se intitula modista – “não estudei faculdade de moda, mas não sou costureira, porque pesquiso a matéria-prima, penso na modelagem. Então, sou modista” – justificou no lançamento no Copacabana Palace, com direito à montagem de um pedaço do ateliê no Salão Azul, e o som de batida de bossa nova criada pela DJ Ana Santi.
Listras em preto branco na maxicamiseta e na calça; E no vestido de poás, listras e babado vermelho
Chemises largos misturando estampas de feras ou retalhos em preto e branco. Sempre com o conforto dos bolsos, como bem demonstrou a Rejane Gambin
Impacto dos paetês, combinando cores variadas ou na calça em vários tipos de paetês brancos
O que trouxe a Claire de Santa Catarina? A coleção Blend (mistura, em inglês), um patchwork de tecidos aparentemente no limite do exagero ou da vulgaridade. Claire e sua mãe colecionaram ao logo de 20 anos retalhos de tecidos variados, e com eles confeccionaram looks numerados, como obras de arte. E estão muito próximos desta categoria, porque o resultado da mistura de tecidos é uma aula de bom gosto, de sabedoria de fazer bonito emendando rendas com paetês de vários tamanhos. Ou de debruar de peninhas um longo preto, criar uma calça com vários tipos de paetês brancos. Pensem em uma saia em barras de tecidos listrados e de poás em vários tamanhos, em preto e branco, com um babado vermelho na barra. Parece estilo Minnie? Nada disto, é uma roupa divertida, muito bem modelada, com movimento e graça.
Confesso que até cogitei faltar ao lançamento, por duvidar da proposta. E não me arrependi de pegar um Uber, dar uma olhada na vitrine da Gucci, na lateral do hotel e constatar que há peças da colab da marca com o Harry Styles, matar as saudades do Copa, impecável como sempre (até o bufê está ótimo). E encontrar a Claire Juliani, criadora capaz de ter um lado sustentável, por reciclar matérias-primas e transformar tudo em moda quase básica, simples e completamente original. E funcional, porque mesmo os vestidos mais luxuosos têm bolsos!
Em uma fala curtinha Claire contou da sua evolução de garota de Santa Roça (Rio Grande do Sul) – “a roça!” definiu – até esta apresentação no Copacabana Palace, o hotel ícone do luxo no Brasil. “Cheguei aqui graças a pessoas que sempre me incentivaram. Como a Rejane Gambin, sempre do meu lado, minha investidora e modelo. A Adriana Silvestre, também investidora na marca. E muita gente, que acreditou no meu trabalho. Mas devo muito à minha mãe, inspiração nesta coleção. Quero fazer com que as pessoas sejam mais felizes, que enxerguem o potencial divino que possam ter”.
Torcendo na plateia, a psicóloga Adriana lembrava que esta coleção nasceu de uma conversa entre elas. “Acredito que a moda ajuda na ressignificação das pessoas” comentou.
Com a coleção Blend Claire poderia se apresentar em qualquer semana de moda do mundo. E para o mundo, esta corajosa modista vai partir: no ano que vem vai se apresentar na Sardenha, para fazer jus à sua origem italiana. Mais que modista, Claire Juliani é uma artista.