Fotos Ines Rozario
O que buscamos em um lançamento de coleção? Em primeiro lugar, notícia. Em segundo, que vai garantir a importância da notícia, a originalidade. Certos setores da moda parecem esgotados, impossível encontrar ainda alguma inovação. Este tipo de pensamento faz parte da mente descrente de jornalista.
Assim, gosto de me surpreender com novidades como vi na Shoe House. Uma loja de acessórios de couro, no shopping da Gávea, já conhecida em Niterói. Daquelas que o olhar apressado não presta muita atenção, a caminho de alguma consulta, um teatro ou um cinema.
Ao ser convidada para conferir a coleção, constatei o valor de um segundo olhar, de perto, não apenas a vitrine. Thaís Gouvêa e Adriana Martino, mãe e filha, lideram a marca, destinada às mulheres vaidosas, que curtem um bom sapato, aquelas que gostam de exibir seus calçados nas primeiras filas de eventos.
O hai kai em forma de sapato
Rosas de couro no modelo dourado
E a originalidade, que me conquistou? Começa pela origem: um lançamento de um livro de Hai Kai – poemas japoneses de três linhas, nem sempre com rima, mas com conexões entre os versos. Thaís comprou o livro destes poemas de Uyara Schiffer e decidiu. “Este seria o tema da coleção. Como o hai kai, não temos combinações certinhas, não precisamos combinar os acessórios. Olha minha mule: são três estampas diferentes”, e Thaís continuou mostrando as belas sandálias com aplicações de bolinhas, as douradas, com flores de couro, as grandes bolsas em tressês perfeitos. A delicadeza dos vazados.
Vazados e aplicados na coleção da Shoe House
Thais Gouvêa e Adriana Martino, mãe e filha na criação da Shoe House
Nada contra mocassins e sapatilhas, mas foi muito bom conhecer melhor a Shoe House, inspirada pelos poeminhas orientais.
Os preços: as bolsas, a partir de R$ 2 mil; os sapatos, em média, R$ 600.
E mais: lembrei dos Hai Kai do Millôr Fernandes, em sua página dupla chamada Pif-Paf, na revista O Cruzeiro / mais originalidade, impossível: entre os convidados, estava a Denise Faertes, da marca Fruto do Conde. Uma das criaturas mais geniais da nossa moda.