O brasiliense Akihito Hira foi muito bem no último dia de Colombia. Ao lado do julio Andrade, com quem divide o design da coleção, foi muito aplaudido, e notei que minhas companheiras de fila ficaram animadas com alguns detalhes: o verde-claro de dois looks, a camisaria branca desconstruída. Como assisti ao desfile da mesma coleção em junho, no Rio Moda Hype, achei que a versão carioca foi mais poética, de acordo o tema Botanist, com um visual meio de cientista, diferente do tamanho dos modelos selecionados na Colombia. Eles são grandões, bonitões, alguns paletós ficavam esturricados nas costuras, deformavam as mangas. Nesta produção, me parece que foi invertida a ordem das peças, no lugar da camisaria branca entrou primeiro a alfaiataria. Quase clássica, não fossem as calças encurtadas e os tecidos com brilho. Tecidos aliás, conforme apurou o Carlos Simões, editor da revista ITT, todos nacionais, aviamentos inclusive.
Foi bonito, digno e emocionante ver a dupla da grife entrar para os agradecimentos, depois do elenco passar devagar na passarela da ColombiaModa. Acho que foi o desfile brasileiro mais bem sucedido no exterior (tirando os que desfilam em NY) que já vi, sem roupa amassada, sem buracos na fila A.
Intervalo / momentos arrepiantes da ColombiaModa: a falta de luz na Olga Piedrahita, que depois recomeçou o desfile e ninguém arredou pé, e foi maravilhoso. O final do Parentesys, do chileno Patricio, que no final se ouve “não estão extintos”, porque a referência era uma tribo nômade do sul da Patagônia. Extinta, naturalmente. A concepção do desfile de Camilo Alvarez, que tinha uma marca de tinta como patrocinador. O estilo era rua, os rastros das tintas no espaço de todos os dias. Como resolveu isto e justificou o patrocínio? Os modelos deixavam rastros coloridos na passarela coberta de papel branco, tinham tintas das cores novas da Pintuco nas solas dos sapatos. Quase no final do desfile, o som sumiu. Ouvia-se sirene de ambulância, vozes, talvez do lado de fora. Os modelos pisavam forte, a platéia ficou meio inquieta com o silêncio. Acontece que fazia parte do show, era a trilha de verdade, reproduzindo o barulho de uma cidade. O máximo, como espetáculo, para uma moda criativa. Por fim, o final com a Leitmotiv. Os fotógrafos já estavam cantando, fazendo uma zona de despedida, a platéia trocava cartões, chovia horrores lá fora. Começou o desfile, ficou aquele silêncio, uma atenção geral na sala, todos hipnotizados pela beleza do trabalho dos meninos da Leitmotiv. Arrepiante