Hoje não é poesia comunzinha. É uma das cenas de juras de amor de Romeu e Julieta, do Shakespeare, em seleção do livro “Shakespeare, a invenção do humano”, por Harold Bloom. A tradução segue um modelo clássico, “mo pedisses” ou “to dera”.
A imagem é a famosa cena do balcão, em pintura de Frank Dicksee, em 1884, publicada na Wikipedia
JULIETA
Que alegrias querias esta noite?
ROMEU
Trocar contigo o fiel voto de amor
JULIETA
Antes que mo pedisses, já to dera,
mas desejara ter de dá-lo ainda
ROMEU
Desejas retirá-lo? Com que intuito,
Querido amor?
JULIETA
Porque, mais generosa,
De novo to ofertasse. No entretanto,
Não quero nada, afora o que possuo.
Minha bondade é como o mar: sem fim,
E tão funda quanto ele. Posso dar-te
Sem medida, que muito mais me sobra
Ambos são infinitos.