Desfile Chanel no Grand Palais

Desfile Chanel no Grand Palais

Nunca neguei que sou do fá-clube do Lagerfeld. É inteligente, culto e sempre atual, por mais que tenha passado dos 70. Cria moda, desenha, fotografa, escreve, faz cabeças de programa de TV, provavelmente canta, dança e sapateia. Já se renovou, há 20 anos era gordo e andava de leque; agora emagreceu e usa óculos escuros, luvas de dirigir e anéis prateados em todos os dedos.

Hoje foi o dia do desfile Chanel, no Grand Palais. Nesta semana em que a notícia mais comentada foi o Galliano demitido da Dior por ter insultado pessoas em um restaurante e dito que amava Hitler, é ótimo ter um profissional que alem de saber fazer moda tem uma personalidade discreta, apesar de tanta exposição.

Quanto ao desfile, foi um dos melhores que vi da grife. Porque tem propostas de rejuvenescer não a roupa famosa da Mademoiselle, e sim a maneira de usar. Tudo, inclusive os tailleurs emblemáticos, pode ser vestido sobre leggings ou calças justas e boots com meias grossas. As calças podem ser encurtadas e enfiadas por dentro de botas. Nada de grandes casacos de pele nem excessos de couros. Tem muito mais tecido tipo tweed e tricô do que vernizes e pelegos.

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A ambientação, outro espetáculo. Uma visão enfumaçada, com todo o piso da sala coberto de pedrinhas pretas (acho que eram vulcânicas, parecia algo de Finlândia, por aí), todo mesmo, até o piso das arquibancadas da platéia. A passagem das modelos foi sobre um deque de madeira, de onde por baixo saía fumaça. Preto e branco geral, como na coleção.

Nas bolsas, vi mais a 2.55 (de alça de correntinha) a tiracolo nos homens – vestidos com macacões pretos – do que nas mulheres. Delas, notei uma minibolsa redondinha, como estojo de pó-de-arroz antigo. Alem dos boots de salto baixo ou alto, há escarpins pretos, sem plataforma, de salto 5 no máximo.

Foi o máximo. Em resumo: preto e branco, padrões de tailleur, tricôs, calças encurtadas, skinny, retas, valem todas. Para a noite, longos com decotes em V nas costas, cintinhos finos e rendas, sempre em preto. Viram só? Nada de tão diferente dos outros, mas…muuuito bom.

arquibancada com pedrinhas no piso

arquibancada com pedrinhas no piso

Intervalo / como sempre, Chanel vale pagar passagem, hotel, fechar revistas e jornal por e-mail, sentir frio, dormir tarde e voar 10 horas. Ou 20, ida e volta / os locais wifi de Paris, como a rede Starbucks ou o Quick, complicam tanto para dar uma senha, que é melhor voltar para o hotel e postar do quarto / Tem que acontecer algo, neste dia de Chanel, quando se quer chegar cedo para sentar no seu lugarzinho. Por experiência, sabe-se que o metrô é o meio mais rápido. Corre, passa o passe na roleta, sobe as escadas e…o metrô tem problemas duas estações antes. Desce tudo, corre para o ônibus. Nem se perde tempo catando taxi. O ônibus faz a volta ao mundo, o desfile era às 10h30 e chego quase 10h45 no Grand Palais. Entro na sala, uma multidão já sentada. Subo na primeira arquibancada que vejo, acho um lugar cheio de casacos e bolsas. Nem sei em que lingua pergunto se está vazio, idem, quanto à resposta, que foi positiva. Resultado, fiquei muito bem instalada entre americanos, sei lá em que ala da platéia, perto dos fotógrafos, de frente para o Mario Testino. Mal sentei, tirei a câmera da bolsa (sempre uma operação complicada, devido ao aperto dos lugares e ao volume de casacos, echarpe, luvas, etc), começou o espetáculo.