Mais uma vez o evento de Fortaleza confirma sua prioridade em matéria de show de lançamentos de moda. A estrutura montada no aterro da praia de Iracema lotou no primeiro dia, ontem, dia 25. São 2 salas de desfile, mais diversos espaços para grupos de criadores, desde o famoso Seleiro (a família confecciona peças de couro para Lampião), até gente nova e competente como Georges, do Rio Grande do Norte, visto na plataforma reunida por Daniela Falcão.
As fotos são do meu Samsung, nem sempre tecnicamente perfeitas. Mas pelo menos saem rápidas.
Mas vamos por partes:
Coletiva: tudo vale no Dragão. Até o diretor Cláudio Silveira chegar atrasado para contar as novidades e fazer a imprensa perder o primeiro desfile. Para ver a importância do que Claudio tem pra falar. Depois de agradecer aos patrocínios e apoiadores – a Enel, prefeitura e governo do Estado, informou que Fortaleza foi considerada Cidade Criativa pela UNESCO em 2019, que reuniu confecções de jeans que vendem mais de 400 mil peças para Renner, Hering, etc. Convenceu a criarem marcas próprias e fez o Blue Hub, com a parceria da Vicunha. Outra história Importante seria (e foi) o desfile de Upcycling, que transformou 2 mil uniformes da Enel, assinados por vários designers. Nas areias da praia de Iracema achou espaço até para um Beach In Fit, onde pode se realizar um torneio de tênis! E feliz, arrematou “pela primeira vez a Globo vai cobrir o DFB! É como digo sempre: o Nordeste é o Brasil!”
Alix Pinho: que gata, esta designer! Veio dos USA para mostrar um estilo colorido, com quadrados de crochê fazendo saias, tops e longos em tons de coral com recortes. A luz da sala pode enganar no colorido, o coral pode ser um laranja. Na beleza, cabelões afro. Destaque: a saia de crochê justa, que vale malhar para acabar com a pança.
Como fiquei em pé (o defeito do DFB é não ter entrada organizada), não consegui fotografar
Sherida: adorei a animação praiana no telão. Os maiôs da Sherida Livas têm uma sofisticação parecida com a da Lenny, em versão mais delicada graças ao jogo de rendas e entalhes assimétricos de babados em tecidos. A estampar com interferências de grafismos de barras pretas ajuda a modelar os longos de babados e as mangas em “bolas”. Acessório: as bolsinha de contas e os shields em tom âmbar levados pelas modelos. Aliás, bastante gente usa máscara no evento, ainda bem.
Rio de Jas: a mistura de macramê e tear, franjas e poás deu certo na coleção de praia e looks de verão. Muito bom o duas peças em padrão damier (quadrados). Destaque: a calça aparentemente listrada, de crochê lembrando sinhazinha. Os looks de placas de madeira e pedras. E destacão para a Camila Marieta, ótima cantora que cantou no desfile, que comprovou como a Rio de Jas veste bem quem não tem 1,80 e pesa 50kg.
Almerinda Maria: nem gosto de comentar, porque considero uma das grandes criadoras do mundo. Mas vamos lá: a inspiração vem da Maria Antonieta, o telão com foto do Palais de Versailles. Na coleção, longos em barra de textura lisa, dois babados em renda renascença; ou em barras de renda, o sutiã com mangas longas. Sutil, o paletó em look montaria com punhos de renda. Deslumbrantes, os dois looks em tom marsala com brilhos esparsos. Nos acessórios, mules do Jorge Bischoff, na trilha, Madonna.
Enel Upcycling: dois mil uniformes da Enel viraram calças desencontradas, jaquetas de emendas, casacos curtos, cangurus com bolsos abotoados, tudo em acabamentos desfiados. Ou desacabamentos, destacando a sabedoria de unir jeans, malhas, texturas lisas e gastas. É bonito? Não. Usável? Não. Pelo menos agora, hoje. Só para quem paga para ter os tênis detonados da Balenciaga. Mas é o Futuro, o Upcycling que reaproveita até o talo as roupas.