Nunca neguei que fiquei triste com a saída do John Galliano da Dior. Poucas vezes se viu tanto talento combinando originalidade e tino comercial na moda, como Galliano mostrava a cada coleção. Com todos os excessos _ tão comuns atualmente, de ácool a drogas químicas _, ele não merecia castigo tão grande, a demissão sumária da Maison. Sei lá, uma multa, uns dias fora do circuito, um mega pedido de desculpas.
Bom, não foi o que aconteceu. Aí, convocaram o Raf Simons, que estava muito bem, criando para Jil Sander. Tenda linda, super elenco de modelos. Só que a coleção era formada por 1) peças básicas eternas assinadas por Christian Dior nos anos 1940/50 e 2) vestidos que pareciam embalagens de bombom, em tecidos metalizados, séries de brancos singelos, e por aí foi, durante algumas estações. Sempre um cenário deslumbrante e coleções nada-a-ver com a classe da Dior.
Agora, contrataram a Maria Grazia Chiuri, que fazia dupla com o Pier Paolo Piccioli na Valentino. Na casa italiana, já era o máximo, principalmente quando se via de perto, depois do desfile, no que os franceses chamam resee, no showroom da Place Vendôme _ aquela coleção africana influenciou todo o universo da moda.
Pois Maria Grazia mostrou um estilo com tudo que se espera da Dior, o casaquinho Bar, a silhueta New Look. Mas tudo e muito mais: jeans renovado e ao mesmo tempo clássico, mais largo; sapatos pesados completando saias plissadas, muita seda preta, veludos, boinas! Mais francês , impossível. E com o espírito fácil de imaginar virando moda. Moda rápida, influenciando as ruas já no próximo segundo semestre.
Isto dá certo, vende todas as bolsas, perfumes e maquiagens com que a Dior pretende seduzir suas adeptas. Muito bom, o trabalho da Maria Grazia Chiuri.
Fotos David Luruchi para Dior