Mais uma vez, fica evidente a dificuldade de encerrar um evento de moda. A Ausländer ainda não se firmou como criadora, precisa de mais um tempo para escolher entre ser a marca de conceito bem-humorado e restrito ou a celebradora que produz festas concorridas. A começar pela escolha da competente Beatriz Eli, a cantora que cantou e dançou durante a apresentação no Fashion Rio. O clima frio da marcação podia ter seguido a empolgação da moça, para animar o show. Porque se tem música ao vivo e maquiagem especial, pode se dar ao luxo de se desviar do padrão cool vigente.
Se eram personagens futuristas, com rostos brilhantes e guelras nas bochechas, mereciam um pouco mais de vida. Bem, isto é a eterna discussão sobre o “rosto triste da top-model magrela na passarela”, que já foi letra de música do Zeca Baleiro. Quem é do ramo sabe que estas expressões sem sorrisos são truques para garantir uma boa foto – quem sorri e faz carinhas corre o risco de sair mal e comprometer a roupa.
A coleção até mostra um impulso para a diversificação, a Ausländer há algumas temporadas troca as camisetas com frases engraçadas por looks mais antenados com o universo das tendências. Para os homens, há um belo suéter preto e branco, com uma das mangas em preto; boots brancos, uma malha com bolso em tecido iridescente em preto e um sobretudo com alça nas costas, para segurar o rabo de cavalo dos que cultivam cabelos longos. Para as mulheres, na passarela a coisa fica mais sensual, digamos. Hot pants com transparência nas laterais e nas costas; vestidos pretos de tule, lances que revelaram o corpo das modelos. Mas há salvação na confirmação dos tops cropped, com saias justas, ou com hot pants e blazers, ambos em branco. Nos acessórios, óculos de lateral larga, estilo mergulhador, enfatizaram a provável origem marinha dos seres que desfilavam.
Podia ser divertida, a Ausländer, se seguisse o espírito festeiro que tão bem administra nas celebrações fora das passarelas.

fotos:Ines Rozario

 

E mais: neste Fashion Rio decidi usar o Instagram, para comentários rápidos. Como sempre, a tecnologia não se satisfaz com nossas opiniões, textos maravilhosos, escolhas atentas do que mostrar. Não, não: no que usamos um aplicativo ou um programa que é atualizado, nota-se que é preciso avançar no equipamento. O que é o iPhone como câmera? Nada! Fica-se de olho no Samsung do vizinho de fila, e as imagens dele estão tão borradas e esbranquiçadas quanto as minhas. Espichamos o pescoço para avaliar a tela de um iPad na fila acima, e até parece melhor. Mas vale tirar da bolsa aquele aparelho enorme e atrapalhar metade da nossa fila? É este o nosso trabalho? Neste ponto, agradeço a presença das blogueiras, que registram sem parar os eventos, sem maiores comentários. Acho que é delas este mérito, fico com meus textinhos aguardando as imagens profissionais de quem passa a semana em pé no superlotado pit de fotógrafos / celebridade mais bonita da semana: Carol Castro. Linda, de preto e branco, só podia ter trocado a plataforma meia-pata por um escarpin de salto fininho