Fotos Ines Rozario


Saias e vestidos longos, em tecidos leves, estampados, com eventuais detalhes de brilho na trama. Dois terninhos perfeitos, longos coletes sobre pantalonas sem exagero. Quadris destacados por arranjos de lenços com cintos. Pulseiras braço acima e sandálias rasteiras enfeitadas com tornozeleiras metálicas. Tudo, muito feminino, uma sensualidade elegante, sem uma lembrança de vulgaridade.

Parece igual aos outros textos que escrevi sobre a Maria Filó? Sim, parece. Desde o evento do grupo Soma, onde se integra a grife que completa 25 anos, há uma coerência nas cinco coleções assinadas por Maria Rita Magalhães Pinto. Na apresentação vista na noite de terça-feira nos salões do Copacabana Palace, o tema Despertar foi acentuado por uma referência a toques indianos, com direito a músico tocando cítara (ou algo semelhante, não deu tempo e espaço para conversar com o senhor sentado no tapete em frente aos elevadores, cercado de celulares gravando) e lanternas com velas preenchendo a frente das cadeiras da plateia.

A aparente repetição de formas representa a afirmação de um estilo que antes era conhecido pela combinação de peças artesanais, principalmente em tricô – impossível curtir a moda do Rio e não ter um casaquinho tricotado da Maria Filó – com modelos quase básicos e atemporais. O que sabiamente Maria Rita faz é dar uma unidade no conjunto da coleção. Em 10 minutos, as 37 modelos mostraram a versão do verão 2024/25, quase todas com cabelos black power, completando a impressão da lembrança dos gloriosos anos 1970, década em que a moda se libertou dos padrões de elegância senhorial. Um pouco hippie, um tanto luxo, a sensualidade acessível a idades e corpos. Estampas também lembram o culto às sedas e saris indianos, como os desenhos Liberty e as curvinhas do padrão conhecido como Paisley, cashmere, ou gravataria. 

Maria Rita revela suas concepções para a coleção de verão: “São roupas cuidadosamente pensadas para oferecer muito conforto e, ao mesmo tempo, elegância, fazendo com que cada mulher se sinta confiante e pronta para qualquer momento”. Ela completa: “As peças têm a proposta de serem versáteis e atemporais, daquelas que passam de mãe para filha, de geração em geração.” Uma vantagem desta estratégia é não desbancar as peças das estações anteriores, só acrescentar a delicadeza da coleção Despertar, o que poderá ser confirmado por esta passagem de gerações citada pela diretora de criação. Ou mesmo pelo compartilhar por mães e filhas as peças favoritas.
Mais do mesmo? Ótimo, porque enfatiza o foco da Maria Filó, uma das marcas que bem representam a moda carioca, sem perder nada para o circuito internacional.