Perde o medo de ousar, Petrucia. Seus trabalhos no filé são magistrais, o ponto Casa de Noca, seja lá o que for, produz desenhos que competem com as rendas importadas. Tem flores, rosas, quadrados, impressionante a possibilidade de criar desenhos em curva sobre a tela básica. As cores são lindas, do verde aos nudes. Certas peças também deram certo, como a calça com o filé em quadrados nas laterais e na barra.
Mas falta um passo adiante. Evitar as cinturas amarradinhas, os vestidos sem formas, a simplicidade da trama solitária. Será que deturparia muito acrescentar algumas flores de filé mesmo, como aplicações? Elas enriqueceriam os modelos.
No styling também poderia haver mais conceito. Ver os mesmos sapatos usados em dezenas de outras coleções (sei, sei, estou exagerando, não foram dezenas), os cordões dourados perdidos em meio à casa de noca, são detalhes que atendem à dificuldade de conseguir acessórios para desfiles. Mas a Petrucia merece mais.
Estou exigindo muito? Há quem ache ter sido o melhor desfile da semana. Tenho certeza que pode ser ainda melhor.
Intervalo / hesito em cobrar tanto de uma criadora que trabalha com ONGs, artesãs e cooperativas. O trabalho delas é perfeito. Falta o toque de moda mais acentuado. Em desfile, não basta ter modelos jovens e magras e música ritmada para subir ao pódio dos grandes criadores / ainda da Carmen Steffens, e aquele slipper de cristais? Imagino sentar na fila A e cruzar as pernas com aqueles faróis nos pés. Tchááá, que brilho / muita carteira-envelope e clutch de cristais coloridos