O que pensamos quando compramos moda? Primeiro, se gostamos da peça. Se vai ficar bem no corpo. Em seguida, no preço – é inevitável. Há quem compre porque é caro, para se sentir rica e achar que veste algo exclusivo e luxuoso. Mas a maioria vai pelo preço baixo mesmo, desde que a roupa se encaixe nas tendências.

Todo mundo gosta de preços baixos. Mas há um preço alto pago por quem faz esta moda

Esta é a estratégia das grandes lojas que vendem barato, no mundo. São quase irresistíveis, vamos confessar. Só que a realidade nos obriga a pensar além de preço e tendência, quando acontece uma tragédia como este desmoronamento de um prédio onde trabalhavam costureiras em Dhaka, Bangladesh. Elas eram parte de várias facções que forneciam para lojas como a Primark, um endereço dos mais procurados na Oxford Street, em Londres. Provavelmente outras redes recebiam produções do prédio no subúrbio da praça de Rana, no subúrbio de Savar, em Dhaka.

Muita gente acha que se não fosse este trabalho, as costureiras não teriam dinheiro nenhum em Bangladesh. O prédio já apresentava rachaduras, fazia barulhos, segundo algumas sobreviventes. Por que ninguém prestou atenção nestes indícios de perigo? Porque as roupas continuavam vendendo aos montes. Porque ninguém fiscaliza este tipo de lugar.

E agora? Vamos ficar indiferentes, nos esbaldando de comprar camisas pólo por 4 libras, botas por 5 libras, enchendo o carrinho de roupas e acessórios? Se o consumo parar, as possibilidades são duas: ou dão um jeito nestes prédios em ruínas ou simplesmente trocam de cidade ou de país como fornecedor. Há tanta oferta no mundo – desde trabalho escravo, infantil, porões infectos, mão de obra abaixo do barato…

Vamos pensar, na hora de decidir por um produto muito barato. De onde veio? Como consegue custar tão menos que os similares? É pouco, mas serve para sinalizar que não queremos ser cúmplices neste tipo de acontecimento.