Sempre me perguntam sobre os brindes nos desfiles fora do Brasil. Tem sacolas lindas? Lenços? Perfumes? Sinto informar que não. Já foi o tempo em que, nos anos 1980, Valentino dava uma fita cassete (gente, mais de 30 anos atrás) com a trilha do desfile ou Vuitton deixava um boné monogramado nos lugares da platéia. Nesta temporada, pelo menos dos desfiles que vi, fiquei feliz quando havia o press-kit, com informações sobre a coleção e havia jornais e a revista Gala Fashion distribuida do lado de fora das salas. Porque sacola, brinde, bombom – neca. Ah: Margiela tinha tacinhas de vinho tinto – gelado! – antes do desfile. Acho que não era gelado, era temperatura ambiente, rsrsrs. Tanto, que ninguém tirou casacos dentro da sala no Palais de Tokyo.
Mas Chanel não falha. Mesmo chegando atrasada, correndo, recebi a sacolinha na entrada do Grand Palais. Mostrei o convite, e voei para o salão, sem sequer ver o que havia de maravilhoso. Só quando acabou a semana, depois de Louis Vuitton, lembrei de fuxicar e selecionar a papelada, e achei a sacolinha branca, com o logo. E o que continha?Justamente quatro batons da nova linha transparente, com brilho, que está sendo lançada agora!
É a linha Rouge Coco Shine, com cores para agradar a todas as adeptas. De brinde, veio (na foto, da esquerda para a direita) o vermelho Monte Carlo (62); o rosa Aventure (57), o amarronzado Deauville (67) e o pele Boy (54). Todos os nomes são coerentes com a vida de Coco Chanel, como Monte Carlo, onde ela provavelmente passava férias, Deauville, onde abriu butique; Aventure, como ela gostava de viver e Boy, que era o apelido de um namorado ingles, grande paixão de sua vida.
Em breve, esta linha Rouge Coco Shine chega na Chanel do shopping Leblon.
Para quem esperava novidades em esmalte, podem mudar de foco. Nas vitrines atuais da Chanel, as bonecas exibem unhas rosadas, delicadas e femininas. A história agora é batom transparente, com brilho.
Intervalo / foi uma boa semana. Pelo menos, bem definida, com conceitos coerentes na maioria das marcas. Mesmo que não pareçam irresistíveis, principalmente para quem já passou dos 40 e não pretende se vestir como uma madame, uma avó, uma senhora, enfim. Nisto, Chanel, Dior (apesar de um pouco verão demais), Lanvin e Barbara Bui acertaram, fizeram styling ou peças jovens / Tenho umas dúvidas sobre eventos de moda. Um evento nacional deve ter variedade de estilos, certo. Se for só roupa de festa, fica pouco. Só street, vira Bread and Butter. Então, Paris tem que ter as grandes maisons, como Dior, Givenchy, Chanel. E as mais, digamos, da rua, jovens, etc: Isabel Marant, Paul & Joe. Sem falar nos conceituais, em geral, coreanos e japoneses. Fica meio desigual, marcas de luxo, jovens e conceituais. Vira uma brigalhada para ver os grandes, e ficam vazias as salas dos outros. Várias vezes vi os seguranças pedindo para convidados standing (com convites para ficar em pé) descerem. Alguns foram até a fila A! Bom, acho que este é um dos segredos do sucesso de Paris, esta abrangência / não vi um desfile no galpão Freyssinet – se houve algum, o convite não veio, mas acho que ninguém quis saber daquele lugar frio e poeirento. E a espertinha aqui fez questão de reservar hotel lá perto, crente que ia ficar pertinho dos desfiles. Foi um tal de sair cedo, uma hora antes, para chegar a tempo nos shows.