Emocionante, comovente, tocante, conteúdo além da mera moda _ já escrevi dezenas de vezes estas palavras quando comento os desfiles do Ronaldo Fraga. Hoje, ele extrapolou! A locação no Teatro São Pedro, onde estreou Macunaíma e a lembrança do estilista Ney Galvão, que abriu uma lojinha chamada El Dia em que me quieras no interior da Bahia deram a partida no espetáculo baseado no reconhecimento do universo transexual.
- Segundo as estatísticas, o Brasil é o país onde mais se assassinam transsexuais, homossexuais e qualquer ser humano considerado fora do normal por gente preconceituosa com instintos criminosos
- Na moda, estamos acostumados e até valorizamos quem tem talento, sem distinções de cor ou preferências pessoais. Mas para Ronaldo, a moda pode servir para reforçar esta aceitação.
- O que fez Ronaldo Fraga? Convocou cerca de 30 transsexuais para a composição do elenco do desfile. Todas/todos lindos, bem maquiados, andando muito bem no palco do teatro, descendo sem medo os degraus até a plateia
- Vestiu cada um com uma espécie de base, um vestido simples, alguns com mangas, outros, sem. Só que cada modelo tinha um trabalho de trompe l ‘oeil, isto é, uma pintura que imita detalhes em relevo. Babados, pregueados, bordados, tudo desenhado e sombreado sobre os tecidos.
- Nos acessórios, destaque para as bolsas Yê (www.yecwb.com)
- No final, o elenco inteiro voltou ao aplco, vestindo lingeries pretas, dançando o bolero El dia em que quieras.
- Ronaldo Fraga entrou para os agradecimentos, aos prantos, também emocionado com o próprio feito.
- Mas estamos falando de evento de moda, de semana de desfiles. Aí mora o grande mérito do Ronaldo: seu desfile trans tinha boa moda, vestidos lindos (uma das coleções mais usáveis que já vi dele), belas modelos. Não ficou grotesco, nem caricato, nem piegas. Foi um belo desfile de moda.