Ganhei um rolo com 25 cores de Stabilo! Em vez de ficar horas selecionando fotos vindas por e-mail, decidi desenhar as tendências vistas em Paris. Ainda não deu certo o iPad como suporte, fui de bloco Canson mesmo. 

Sempre vale lembrar: tendência é o que é sentido, visto, pressentido no ar, nos sonhos. É o desenho de uma folha, a estampa de uma gravura, o que o consumo anda pedindo. Por exemplo: a Líquido Store sacou que a turma das academias precisava de um lugar para colocar chave, cartão, talvez até o celular. Então criou leggings com bolsos. Isto é uma proposta que vem da tendência inspirada no consumo.

Algumas tendências chegam a durar 10 anos, como é o caso da calça skinny, que está saindo de moda. A moda precisa de renovação, para gerar desejo (em compensação, quando vão sair de moda as calças jeans rasgadas?)

Quando os produtos destas inspirações das tendências vão para as coleções, deixam de ser tendências, estão prontos. São propostas para o consumo. Podem ser aceitas ou não. Podem ser exageros cenográficos, adotados por pessoas especiais. Costumo dizer que são as peças que a Sabrina Sato usaria. Mais exageradas, seriam da Anitta. 

O que se propõe agora:

Beleza:  muitos desfiles com cabelos lisos, longos, repartidos ao meio. Poucas interferências no natural castanho. Alguns rabinhos retorcidos, como penteado de fazer faxina em casa.

Ombros: diferente dos anos 1980, sem ombreiras, em princípio. Está mais para o Thierry Mugler dos anos 1980, que de vez em quando botava uns ombros pontudos. O que pode acontecer na vida real? No mínimo, acabam as cavas caídas, fora do lugar. è um estilo paralelo ao over, que está muito forte. O ombro realçado completa peças ajustadas.

Recortes: realçados pelo preto, que continua forte, há decotes assimétricos, uma alça grossa de um lado, uma fina do outro, aberturas na cintura, tomara-que-caia com uma alça grossa. Muito cara de verão

Acessórios: tem mania de bolsa? Pois saia com duas, uma pequena, rígida, da marca favorita e uma tote ou estilo saco, junto, na mesma mão. Achei bom, porque dá para levar iPad, estojo de lápis, coisas maiores e dar pinta com a bolsinha de marca. A Arezzo e a Via Mia estão com modelos ótimos

Outro acessório é o colar. Fica lindo o look de saia longa, camiseta e jaqueta de couro ou brocado, com colares longos, meio artesanais. Estilo Claudia Duarte, Sonia Mureb, Rosana Bernardes

Ternos: Grandes, largos, completos. Lembrem de George Sand, namorada do Chopin, que não só usava ternos, como até mudou o nome Amandine Aurore para o masculino George, para conseguir publicar seus romances. Ela usava ternos, mas era sedutora e feminina. 

Mas do jeito que o Anthony Vaccarello sugere em Saint Laurent, é mais prático pegar emprestado o terno do namorado, amigo, marido, o que tiver ainda terno-e-gravata no guarda-roupa. De qualquer forma, é o sinal para as executivas voltarem aos terninhos bonitos, que andavam trocados pelos tailleurs.

Estampas: estão bem mais delicadas. Combinam com os detalhes plumosos bem frequentes nas coleções. Um tema favorito são os pássaros, vistos desde Chanel até Stella McCartney. Nesta, é lindo o colar com dois passarinhos se bicando. 

Continuam os cordões longos, com uma pedrinha minúscula (mas que pode ser um diamante puríssimo), solitários ou com outros cordões em comprimentos diferentes. 

Os saltos sobem de novo, ganham faixas largas, em lugar de tiras finas nas sandálias. A novidade é a bota-sandália, decorrente da bota over knee, que ainda não convenceu. São modelos em couro fino em geral branco ou tecido elástico, exibindo os dedos ou o calcanhar. Dão margem a vários erros de uso, em princípio seriam para equilibrar a volta das saias mais curtas. Vamos ver no que vai dar.