Tom Ford é orgulhoso como um texano, convencido como um novaiorquino, criativo como um californiano. Um talento, enfim. Contemporâneo e corajoso. Acaba de lançar a terceira série da linha Ocean Plastic Timepieces, com o número 004, feita com plástico removido dos oceanos. Ele pode não ter o prestígio dos relógios Gucci ou Vuitton, mas estes 004 têm o mérito do impacto ambiental e do visual retangular, lindo. Tanto a caixa retangular como a pulseira tramada são do mesmo plástico dos mares, com exceção do fecho e do verso da caixa, que são de aço.
Seguindo as preferências minimalistas do autor, os relógios são encontrados em preto ou branco com movimento de produção suíça; a sustentabilidade dos produtos pode ser medida pelo fato de que cada relógio retira dos mares o equivalente a 32 garrafas pet. Ao mesmo tempo, a máquina resiste a uma profundidade de 30 metros na água.
Por fim, os preços. Um relógio Gucci (cerca de 1.800 dólares) ou Vuitton (cerca de 13 mil Euros) custa milhares de dólares, enquanto o 004 custa 995 dólares (nos Estados Unidos).
Tom Ford anda pensando em vender a marca, para se dedicar aos trabalhos como diretor de cinema (já tem dois bons filmes, Direito de Amar e Animais Noturnos). O circuito da moda espera que os compradores mantenham o mesmo espírito sustentável e de preços razoáveis.
E mais: admiro muito o talento e as atitudes do Tom Ford. Mas fiquei triste quando Alber Elbaz fez o seu último desfile na Saint Laurent e desceu da passarela para cumprimentar o Tom na fila A, junto com os donos do grupo Gucci e na época PPR (agora mudou o nome para Kering). Foi uma espécie de passagem de cargo. Que deixou a plateia bastante sem graça.