A agenda apertada de uma semana de moda permite poucas escapadas da programação. Ainda que alguns desfiles possam ser vistos online, é preciso estar parada, olho na tela, pelo menos por meia hora. Então, quem produz um evento paralelo deve tentar se encaixar e cumprir a função o mais rápido possível. Hoje, o fim da tarde seria dedicado à apresentação de Adriana Degreas, a brasileira criadora da moda praia de luxo. Lá fui eu, abaixo de uma chuvinha, para a L’ Éclaireur, lindo espaço próximo à Concorde. Sete horas, dizia o belo convite negro. Na calçada estreita, os convidados se cumprimentavam, trocavam beijinhos,do lado do fora. Porque do lado de dentro, ainda eram arrumados cabos, luzes. Dei uma volta, fui até o Faubourg St. Honoré, vi as vitrines da Lanvin masculina, do Sergio Rossi (escarpins nos metalizados coloridos, iguais aos das passarelas), da Cartier, encontrei a Maria Prata, voltei para a loja e nada. Mais uma volta, pelo outro lado do Fbg, vi o Alexandre Birman e nada. Desisti, abri o guarda-chuva de oncinha, e fui tentar ver Mayet, na Belas Artes. Quando a gente precisa, os desfiles começam na hora – claro que não entrei.
Vou ver a Adriana no show room. Sem coquetel.
Viktor & Rolf
Nada de cantoras, truques performáticos ou máscaras. Apenas uma coleção baseada em uniformes colegiais. Que na Europa são compostos por saia pregueada, camisa branca e blazer com escudo. Acho que no Japão também, se não me engano. A dupla V&R desconstruiu tudo, fez looks com meio paletó, armou as pregas das saias, combinou metade preto e metade branco, com debruns brancos, e transformou as camisas em vestidos brancos. Uma delas lembrou as celebrações de fim de ano, toda grafitada em azul. Uma das coleções dos holandeses que mais se aproxima de um estilo comercial
Jean-Paul Gaultier
Para não dizer que nada mudou, o local na St. Martin foi trocado para o Paradis Latin. De resto, muito couro preto, muita jaqueta, babados rendados. Confirma o bege claro, constante nas coleções, e o branco, em macacões. Além de confirmar o cobre metalizado em um terninho.
Comme des Garçons
Quase indescritível com vocabulário de moda, como sempre. Montagens com recortes, pregueados, gradeados, rolos de tecido. Bem, confirma o preto e branco. Pode anunciar alguma tendência longínqua, mas pouco tem a ver com qualquer coisa que se vista. São instalações sobre corpos humanos.
Acne Studios
Estes criadores suecos de jeans avançam moda adentro. Ainda estão no nível comercial, mas pelo styling nota-se que vem conceito em breve. Por enquanto, há muito branco, em vestidos tomara que caia com cintão baixo, padrão camuflagem em coral, bege, preto e branco, tricô de listrões com saia de listrinhas, o jeans bem mais leve, combinando por exemplo com tecido acetinado na barra de um blazer jeans. Até um efeito de grade o Johnny Johansson fez, que nem Comme des Garçons!
Amanhã, Kenzo é na periferia, às 10 da manhã, em St. Denis (região do estádio). Vou ver on line, não dá para chegar lá sem carro e sozinha.