Redley sem fronteiras

Enfim, o equilíbrio entre o show e a essência da marca, como sonhava Tommy Simon, líder do grupo Cantão/Redley. “Queríamos fazer um tributo ao Rio, com simplicidade. Escolhemos este lugar, que é exatamente este espírito”comentou, antes do desfile no alto do forte de Copacabana. A simplicidade incluiu a passarela e uma arquibancada montadas em menos de 12 horas, nos intervalos das chuvas de domingo. Mas a segunda amanheceu perfeita como cenário para a coleção assinada pelo alemão Jurgen Oeltjenbruns, aquisição de Tommy para a Redley, através de um head hunter, em Nova York.

Quarenta modelos e quarenta looks passaram rente ao mar, avisando que o verão será uma temporada de beges, cinzas, areias, alguns corais e laranjões em degrades. Shorts de surfe ficam mais curtos, os vestidos ganham uma elaboração de pregas e retorcidos digna de ateliês de alta costura. Nas estampas, destaque para a geométrica que combina logos florais formados por círculos – linda, nas camisetas pólo masculinas. Atendendo à onda oriental, Jurgen trabalhou recortes e dobrados de origami, requintes capazes de decorar microvestidos e formar patchworks sobre listras.

Este tipo de coleção prima pela originalidade. Mesmo seguindo as tendências anunciadas, desde os japonismos, os requintes, os drapeados de alta-costura e até mesmo o tão batido estilo militar, o talento de Jurgen trouxe novas interpretações para as propostas do verão. Tommy acertou na contratação, e a Redley demonstrou que realmente aboliu as fronteiras. Até na equipe de estilo.

O Jurgen que virou Jorge

Jurgen, o estilista da Redley, tem 39 anos (muito bem conservados), nasceu em Hamburgo, terra de Karl Lagerfeld e Jil Sander. Radicado em Nova York , já trabalhou no masculino de Donna Karan, fez as estampas com Francisco Costa, na Calvin Klein e os jeans na Diesel.

O fato da coleção ter tantos casacos e blusões se deve à intenção de levar a Redley para fora do Brasil, e há a necessidade de criar moda para estações trocadas. E pensamos no layering, o uso de roupas sobrepostas”, explicou após o desfile. O lado japonês saiu de uma viagem a Tóquio, onde estudou técnicas de traduzir o origami para o jeito casual. “Também olhei para o trabalho de fotógrafos japoneses”. Mudou para o Rio há seis meses, deve ficar pelo menos dois anos. Mas já está aprendendo português, quer comprar um apartamento em Ipanema. E já é conhecido como Jorge, pela equipe.

Rodapé / a formação do alemão é a alfaiataria, que aprendeu na Alemanha e exercitou na Itália. Daí foi capaz de criar um estilo militar sem obviedade, e acertou em toda a roupa masculina. “Mas quero fazer uma roupa desejável”, arrematou. Conseguiu, Jurgen / contra a ameaça de chuva, a turma de Redley e da Dupla fez todos os tipos de mandingas, segundo Tommy Simon. Valeu tesoura, promessas para Santa Clara, levar guarda-chuva (segundo as pesquisas, carioca quando sai de guarda-chuva, o sol aparece) / a decisão de contratar um estilista fora do Brasil deu certíssimo. A razão desta atitude radical, que anuncia o olhar além-fronteiras foi definida com simplicidade por Tommy. “Queria sair do quadrado”.