Salinas no Carnaval

Um perigo, misturar moda e fantasia. Resvala na caricatura, ainda mais se feito em maiôs e biquínis. A Salinas pinçou estampas, capas de revistas, confetes e serpentinas, temas de velhos carnavais, documentados pelo traço de J. Carlos e mergulhou na coleção, sem medo. Pode ser que hoje, recém-visto o desfile, algumas peças provoquem estranheza, como os saiotes que a estilista Jacqueline De Biase chama de “tira-e-põe”, porque são próprios para chegada e saída na praia. Ou os duas peças de calcinhas bufantes, tão pudicos. Na passarela, as modelos calçaram escarpins de saltos grossos, com estampas parecidas com as dos maiôs, e ostentavam cílios multicoloridos, combinando com as flores e enfeites de papel, criados por Cláudia Savetti.
O barulhinho das passadas nas pedrinhas da passarela lembrava o verão, a trilha tinha Manhã de Carnaval, e o susto passou. A Salinas mais uma vez muda tudo, sai das fofices de corações e flores e parte para um tema bem Rio, um Carnaval colorido, com bases em preto e branco, divertido e sofisticado como um banho de mar, não à fantasia, mas de legítima moda de verão.

Melhor: os duas –peças, de cintura no lugar. Tem que ter corpão, para encarar

Estou pensando: nos babadinhos e bufantes. Tem que ter corpinho

Rodapé: nem parece que a Michele Alves estava grávida na última edição de verão do Fashion Rio. É de longe, a mais magrinha do elenco, até agora / a marca Lycra é reconhecida por 99% das consumidoras / incoerência em evento de moda: se vestir de branco. Só o Billy Blanco pode / a Babilônia Feira Hype virou um Instituto, e vai abrir loja em Ipanema. Loja, não. Será um hotel de estilo, para abrigar novos talentos. Espécie de galeria Ouro Fino, reinventada por Robert Guimarães e Fernando Molinari / a melhor vinheta de patrocínio é do Citi. Ritmo certo, imagem convincente. A gente grava que o cartão é violeta, como os ingressos dos desfiles