Se Wilson Ranieri faz, vai virar moda. O estilista egresso dos novos talentos do Amni Hot Spot lida como ninguém com a técnica da moulage. Com ela, ele já fez maravilhas em drapeados, reinventou os recortes a laser e agora investe nas pences. Não da forma tradicional, como era costume montar vestidos ajustados por esta espécie de prega pelo avesso, nos anos 60, e sim, com novas idéias. O mesmo aconteceu com outro detalhe comum nos anos 80, o cós apertado por faixa, na época conhecido como clochard. Wilson pegou os dois ingredientes – pences e clochard – e montou uma coleção que dá vontade de vestir no ato, sem esperar até a primavera. A malha Bamboo, da Marles, patrocinou e ajudou na queda certa dos vestidos com tranças nas costas, repuxados à solta em algum canto dos modelos e os diversos exemplares com costas nuas. As pences aparecem ao contrário, como se víssemos a roupa ao avesso, e formam bicos nos decotes. O clochard ajusta cinturas de vestidos, saias e shorts.
O colorido começa nos brancos e percorre rosês, verdes e roxos. Acaba no infalível preto, que serve de fundo para círculos em turquesa e rosa. Na primeira entrada, apenas um círculo acentua a cintura. A importância do motivo aumenta, até que vira uma estampa de círculos pequenos, aquarelados.
Ranieri faz uma moda requintada, cheia de técnicas de costura e modelagem, acessível a muitos tamanhos de consumidoras, no comprimento ideal, pouco acima dos joelhos. É um dos grandes criadores brasieiros.
Rodapé / à medida que envelhecem, deixam de ser jovens talentos, recém-formados, os estilistas trocam o visual pessoal fantasioso e extravagante por roupas e aspectos mais sóbrios. Wilson Ranieri está quase sem mechas louras no cabelo, e veio agradecer os aplausos com paletozinho de listras em preto e prata, calça preta. Nada de roupas doidas / clocharde é o cós amarrado, que ganhou este apelido porque lembra roupa de mendigo (clochard, em francês): são roupas que servem em qualquer cintura, basta apertar ou afrouxar o amarrado / Pence era a maneira de modelar os famosos vestidos tubinho nos anos 60. Elas modelavam o busto, saindo da cava ou vinham em diagonal, a partir da cintura. Não envolvem corte, são montagens quase arquitetônicas da costura tradicional. Ou seriam origamis?