Ellus, entre Beatles e Chloé

Nelson Alvarenga faz escolhas sábias. Kate Moss já desfilou na passarela da Ellus, Xuxa estrelou uma campanha, e muitas estrelas vestiram profissionalmente seus jeans perfeitos. A marca tem mais de 30 anos, e continua moderna graças a estas escolhas do chefe. No show de verão, a estrela internacional era a loura americana Chloé Sevigny, figura cult de moda no circuito do hemisfério norte, absolutamente desconhecida no Brasil. Ao lado, o namorado, o roqueiro Matthew McCauley, mais desconhecido ainda. Sucesso fez o convidado Cassio Reis, modelo, casado com a atriz Daniele Winitz – ficou quase meia hora cercado por fotógrafas e repórteres, todas do sexo feminino, que não se continham e passavam mãos nos cabelos cacheados do cara, pediam beijos, faziam caras de puro enlevo.
Desconhecidos ou não, o casal internacional virou famoso em cinco minutos. Foi uma jogada de mestre do Nelson. Mais uma: a trilha com base de Beatles, a começar pela melódica Because e acabar na Good Day Sunshine. Seria um sinal de década de 60 no estilo? Nada disso. Muita sarja cinza em jardineiras, parkas e calças com alças e tiras pretas; vestidos curtos, com presilhas e cintas lembrando paraquedas, outros, mais coloridos, com a memória das primeiras importações de Bali, quando chegavam peças que se transformavam em mochilas. Vejam lá, não são reproduções, são memórias dos anos 70.
Esta foi a área feminina. A masculina superou longe, graças aos ternos-bermudas em cáquis com estampas de folhas ou aos paletós e calças com os logotipos dos Beatles impressos em preto. Se ficou parecendo publicidade? De jeito nenhum. Há um ar pop combinado com a sempre eficiente estrutura das roupas, que levam a pensar que devem virar ítens de coleção.
No final, a loura Chloé saiu do seu lugar, na fila A, vestidinha com minissaia preta de pregas e jaquetinha, mais a sandália de tiras, tudo Ellus, naturalmente. Foi até a frente dos fotógrafos, de braços dados com Nelson, e acabou o desfile.

Rodapé / Monique Evans está animadíssima. Chamou Adriana, mulher de Nelson Alvarenga, de “Adriana, gostosa!” e ganhou beijo-selinho do Matthew, namorado da Chloé, que olhou de cara feia, enciumada / Chloé é uma sinalizadora de tendências em Nova York e Paris. Foi musa da grife Imitation of Christ, a primeira a criar com roupas antigas; tentou ser atriz de cinema, mas ficou no limite do soft-porno, no filme Brown Bunny. Está em cartaz atualmente em Zodíaco. Mas é nas campanhas de moda que fatura, já estrelou fotos para a rede sueca H & M, para a MAC e para a MiuMiu, segunda marca da Prada. Nas semanas de moda parisienses, suas roupas indicam direções de tendências. A última definição que deu apontou a volta das minissaias.