Zigfreda dita a cartela

Kátia Wille sempre deu aula de estampas e coloridos, em seus desfiles. Foi pioneira nos comprimentos curtos e nas cores fortes. Se há um vermelho Valentino, deve haver um verde Zigfreda, tão bem a estilista carioca usa esta cor. A partir de formas indefinidas, entre florais e círculos, os vestidinhos arredondados, chamados de ovos, e os microtailleurs circularam com sapatos abertos no calcanhar e na frente e mochilas nas mesmas estampas, confeccionadas pela New Order. As blusas em cetins de seda e gazar devem ser os best-sellers da marca. Os minivestidos-ovos assustam quem não pretende sair se sentindo um balão de pernas de fora pelas ruas. Neste caso, pelo menos a forma do corpo se garante com cinturões contrastantes. Da cintura para baixo, valem bermudas justas, de tafetá.
A grande qualidade da Kátia, saber lidar com cores e desenhos, permitiu que desse nomes modernos para as nuances do momento. O azul dos anos 80, que já foi cobalto nas antigas aquarelas; royal nas caixas de lápis de cor, Bic, a partir dos anos 80, virou azul-cromaqui, em alusão ao fundo neutro dos filmes com efeitos especiais. Já o rosa, que era shocking nos anos 60; pink nos 80, segundo Kátia volta ao nome usado nas gráficas, é o magenta. Resta o amarelo, que em vez de néon ou fluo, se chama ácido.

Rodapé / a sede de brindes aumenta à medida que o fim-de-semana se aproxima. A bolsinha com esmaltes da Néon sumiu rapidamente das primeiras filas / os óculos Alain Mikli têm uma pessoa real, ainda a mil, inventando formas inusitadas para as armações. Alain foi o estilista pioneiro em transformar o objeto funcional, indispensável para míopes, em acessório de moda, com direito a todas as extravagâncias. Deu sorte de ser contemporâneo com outros criadores audaciosos e personalistas, como Claude Montana e Thierry Mugler. Vai vender no Brasil.