Iódice, de lenços
Um dos melhores desfiles da semana: a Iódice. Praticamente dedicada aos vestidos curtos, com decotes arquitetônicos, formas definidas, adereços preciosos, a marca liderada por Valdemar Iódice atingiu um estágio independente do bom jeans que produz, das boas filas A que convida e da vontade do dono de ser tão famoso quanto Tufi Duek ou Renato Kherlakian. Esta foi a melhor demonstração que existe uma identidade e uma sabedoria que leva a coleções femininas, convincentes, sem se perder no conceitual ou no comercial fácil.
O ponto de partida foram os lenços de seda pintados por Sonia Delaunay, artista plástica dos anos 30. Dali resultou a cartela de corais, cinzas, azuis e verdes. E da época e dos padrões dos lenços, vieram as estampas e os desenhos das aplicações que acompanham os decotes em Y, ou são reproduzidos em paetês sobre vestidos-regata. Já que a década era do Art-Deco, sobrou inspiração para a bela série de vestidos montados em pregas, alguns com uma alça na diagonal outros com elaborado trabalho em degrades de cinza.
No acessório, destaque para os sapatos em verniz com saltos vazados de acetato.
Rodapé / Bonita a beleza de Daniel Hernandez para Iódice. Daiane Conterato, Carol Pantoliano (vista nas campanhas da Prada) e Laiz Navarro ( vista nas fotos de Donna Karan), um trio da agência Blue Models nem retiraram os cílios postiços quando o desfile acabou / estranho, o tema do evento é economia de água. Na sala de imprensa, os garçons retiram das mesas garrafas quase cheias, que ainda estão sendo bebidas pelos convidados. Nem adianta protestar, lá se vai a água / é bom saber que tem gente boa de moda no Rio Grande do Sul. Prestem atenção nas bolsas da Letícia Kramer e nos sapatos da Petula Silveira, que já desenvolve modelos para Doc Dog, Carmim e Drosófila