Hospital do Lorenzo Merlino

Ele começa bem, perguntando “num paí­s cercado de violência por todos os lados, como pensar em moda? Qual a relevância de tudo isso?” Sem respostas mais concretas, Lorenzo parte para inspiraçíµes em hospitais, ferimentos, bandagens, curativos, na roupa feminina e uniformes de polí­cia, para os homens. Sinceramente, nem precisava tudo isso, e quem não sabia destas origens saiu sem entender tantas informaçíµes drásticas.
O fato: Lorenzo fez calças de alfaiataria com barras pregueadas, uma veste que passaria por um jaleco de médico, um bonito vestido drapeado cinza, com saia em panos, outro, em jérsei laranja (mercúrio-cromo?), com fios segurando o decote nas costas e biquí­nis em cinza-gelo, com drapeados e tiras finas. Para os pseudo-policiais, vieram calças ajustadas, com zí­per nos bolsos, camisas com bolsos de lapelas em preto, camisetas de listras desencontradas em azul, vermelho, violeta e branco e tênis da Diadora, com fecho de velcro. Lorenzo pode ter sido pouco explí­cito na prometida ligação com hospitais e policiais, mas foi bem mais coerente do que nos desfiles anteriores.

Rodapé / este tipo de desfile, do qual se sabe as fontes de inspiração, provoca uma certa confusão mental. Chego a pensar que entrei na sala errada, fico procurando os curativos, as bandagens e ferimentos. Lembrei de um show do estilista paranaense Icarius, que também usou estas referências e fez uma apresentação impressionante, em Paris. As bandagens e esparadrapos eram estilizados em faixas e pregueados, um primor de modelagem / e a relevância de tudo isso?