Ronaldo Fraga, final feliz

Nos anos 90, a moda parisiense andava meio mal das pernas. Era uma semana de lançamentos sem novidades nem glamour, nada. Até que chegava o dia e a hora de assistir a Dior, assinado por John Galliano, e a viagem estava justificada, as 12 horas de vôo, a chatice dos outros desfiles.
O mineiro Ronaldo Fraga consegue este mesmo efeito. Emociona, faz a platéia chorar, leva todos para as viagens e histórias que conta em 10 minutos de show. Nara Leão foi a musa da coleção. Barquinhos de papel encheram a sala, a passarela estava coberta de papel imitando as pedrinhas portuguesas das calçadas de Copacabana. A cantora Fernanda Takai, da banda Pato Fu, de vestido de brocado prata e sapatos em forma de fusca, cantou “Taí”, “Insensatez”, Sempre só”, “Lindonéia”, músicas dos tempos de bossa nova, da arte de Rubens Gershmann, Antonio Dias e da fase de governos militares. Com a magia da moda, Ronaldo transformou sua admiração por Nara em vestidos soltos, levemente arredondados, em brocado prata,decotados nas costas; aplicou barquinhos nas saias, ou com estampa de jornal, lembrando o quadro Lindonéia. Listras pespontadas em várias direções valorizaram modelos simples, porque na época da musa o que predominava era o vestido-saco.
Para os rapazes, as bermudas repetiam as estampas de calçadas; o paletó lilás era de fustão e um deles portava uma mochila com painel de parque, tipo de piso dos anos 50/60.
Vale a pena vir para a SPFW e ver Ronaldo Fraga, aplaudir de pé e chorar de emoção pela moda, suas musas e sua criatividade