A fotógrafa Marina Sprogis chama a atenção para estas cavas longuíssimas, em Chanel
Talvez não dê para identificar, mas este vestido tem os símbolos do euro, do dólar, da libra e da Chanel, na cintura.
Sem ser explícita, a moda de Paris se inspira na bandeira americana. Karl Lagerfeld usou o tema Noite de verão na coleção com as eternas referências na Chanel original – casaquinhos de tweed leve, vestidos pretos com saias transparentes, poás irregulares em fundo preto. Mas acrescentou listras vermelhas e estrelas, símbolos da bandeira dos Estados Unidos, como nos casacos curtos completados por microvestidos estrelados. O jeans ocupou lugar de honra, já que o desfile no Grand Palais começou pelo denim, em biquínis, trench-coats e calças de corte reto. A coleção inclui oficialmente algumas peças masculinas: calças retas brancas, cardigans de tricô – nada tão importante quanto a ala feminina. Principalmente quando uma calça jeans stone acompanha camisa e um gravatão desproporcional.
Nos acessórios, parte fundamental da marca Chanel, destacam-se os sapatos pretos ou prata, de salto arredondado, com enfeites nos saltos (flores, lacinhos) e uma idéia supostamente funcional: uma bolsinha presa no tornozelo. A bolsa 2.55, no modelo matelassê tradicional, vem em versão grande, para acompanhar a onda do oversize que domina a moda.
Outra inspiração na bandeira americana veio disfarçada em Cleópatra, gadiadores, ursinhos, marinheiros e até Cassius Clay. No meio de togas e camisetas, entraram na passarela listrada de vermelho e azul as bolsas com listras e estrelas, o chapeuzinho em forma de tampa antiga de Coca-Cola. Este foi o estilo de Jean-Charles de Castelbajac, que além dos cobiçados bonés New Era e de muitas coroas de louro decorando casacos e vestidos, mostrou blusões estilo safari, mais funcionais do que as bolsinhas nos sapatos Chanel. Porque tinham 52 bolsos! Perfeitos para um autêntico safári ou para a agitação urbana.
Outra proposta forte para o verão 2008 é a estampa. Flores manchadas, abstratas ou impressionistas, se misturam com grafismos e listrados arco-íris. Quem dá o aval é a turma formadora de opiniãoo da moda parisiense: Balenciaga, onde o belga Nicolas Ghesquiere explorou um verdadeiro jardim de estampas; Dries van Noten, outro belga, que trocou as inspirações étnicas por florais descombinados, Stella McCartney, que floriu macacões inteiros. Um sinal certo que em breve as cores alegres voltam à moda – por enquanto, o que se nota é que os vermelhos e laranjas sobraram para os saldos do verão, nas lojas de Paris. E o cinza domina as escolhas das francesas, quando se dirigem à caixa para pagar as compras de suéteres, batinhas e casacos tipo trench curtos.
Intervalo / continua muito quente em Paris. Principalmente nas salas de desfile, onde os convites viram leques na platéia / aliás, além do calor, os convidados penam com o desconforto dos bancos sem encosto, que viraram mobiliário oficial dos desfiles / O cabelo do momento é igual ao da Gisele. Louro, mechado, caindo encacheado nos ombros / Roberto Cavalli inaugurou a loja na Avenue Montaigne. A grandona, na rue Saint Honoré, deve abrir no ano que vem / Nos acessórios, a pedra facetada aparece em aplicações, enfeita gáspeas de sapatos e dá forma a carteiras / Na saída do desfile Chanel, Eliana Tranchesi anunciava planos de abrir mais lojas Daslu, uma em dezembro, no shopping Cidade Jardim (São Paulo), e em outras duas cidades. Talvez uma delas seja o Rio. O show-room Daslu no hotel Plaza Athenée rendeu bem: a loja Harrods, de Londres e a americana Scoop, compraram a coleção inteira.