Miss Elegante Bangu, uma princesa

Fotos Ines Rozario

Uma bela noite de gala, com 400 convites vendidos em prol da Cruz Vermelha. Um local lindo, o Copacabana Palace e garotas com o espírito carioca, desfilando para ajudar a causa e mostrar que sabem levar as roupas dos estilistas da cidade. Foi a festa da Miss Elegante Bangu, na noite de quinta-feira, dia 29, que culminou na eleição da classe da princesinha Paola de Orleans e Bragança, vestindo Santa Ephigênia (foto à esquerda). Uma escolha difícil porque a passarela estreitinha do Golden Room recebeu beldades como Yara Figueiredo, Stephanie Oliveira, Luciana Pitigliani, enfim, meninas dignas de serem garotas de Ipanema. No júri, além de jornalistas, Carmen Mayrink Veiga, com vestido estampado em preto e branco em cortes despontados, assinados por Guilherme Guimarães. Aliás, Guilherme só não participou, porque queria ter Daniela Sarahyba como modelo, e ela é exclusiva da C & A. Várias ex-concorrentes também eram do júri, como Betty Szafir, imponente de longo rebordado em cinza-azulado;

Maria Sonia (à esq.), de vermelho-coral com capa, segundo ela “desenhado para ela pelo José Ronaldo há muito tempo. Agora resolvi mandar fazer”. E ficou ótima, na maior forma, com a filha Bianca na platéia, toda sorridente, aprovando a loura mamy. Ao meu lado, Léa Padilha, que trocou as costuras (“bom, não completamente, claro”, justificou, já que se auto-vestiu, em seda bege) pela graça da Country Living, com objetos de decoração, há 20 anos na Henrique Dumont. E mais Ana Bentes, muito animada, Noelza Guimarães, de vermelho e coque-banana. Todas fazendo juz ao título de elegância conquistado nos anos 50/60.
No salão decorado com tecidos listrados, da própria fábrica Bangu, pela Mônica Cordeiro Guerra, a colega Hildegard Angel apresentou as meninas e as atrações.

Enquanto eram contados os votos, rolou show com Antonio Negreiros homenageando Mario Reis, cantor e compositor que entendia de samba e de luxo, porque freqüentava o Copa e o Country Club. Nos bastidores, Marcelo Borges segurou a barra de um pequeno estresse, quando quase foi esquecida a segunda parte do desfile, com roupas de gala. Guiga Soares também circulava atenta, organizando o sitting dos vips.

Vale a pena contar mais detalhes, de cada participante:

Yara Figueiredo (à esquerda) vestiu longo com repuxados em listras vermelhas, modelado e assinado pelo Carlos Tufvesson, que também criou o modelo curto, montado em babados franzidos. Perfeito para o corpo delgado da Yarinha, que desenvolta no gestual de passarela, portava jóias da própria marca, uma nova coleção de braceletes.


Glorinha Pires Rebello vestiu a atriz Fiorella Mattheis, uma lourinha com look anos 50. Primeiro, o tomara-que-caia rodado, com estampa de muguets; depois o rosa com losangos esparsos em brilhos prata, estilo debutante

Uma divertida saia curtissima, montada quase como um repolhinho, em várias estampas, e o longo em preto e branco, foram obras da Liz Machado para a Maria Helena Pessoa de Queiroz (à direita).


Marcela Virzi preferiu um caminho mais sutil. Começou pelo vestido de malha com tie dye, desfilado por Maria Beatriz Mendes de Almeida (à esq.) e enfrentou a gala com curto em oncinha cinza, com interferências de nervurinhas.

Luciana Pitigliani teve a exuberância certa para as idéias do Marco Rica. Um vestido solto, balonê, com grandes poás pretos. E o longo ajustado, com flores na cintura em estampa floral azul. Diga-se de passagem, todos os estilistas usaram tecidos do acervo da fábrica Bangu.


O primeiro modelo que Luciano Canale criou para Paola de Orleans e Bragança foi um primor: algodão amarelo clarinho, tecido que serviu também para confeccionar rosas que subiam da bainha até quase a cintura e enfeitavam o decote. O segundo, em estampado floral, foi escolhido por Marco Maia, sócio da Santa Ephigênia, falecido há um mês. “Ele queria fazer um vestido de noite, com tecido de dia”, contou Luciano no final, feliz pelo prêmio, uma homenagem ao companheiro. O longo rabo-de-peixe, com busto drapeado irregularmente foi levado com garbo de nobre por Paola, que manobrou impávida a cauda armada do vestido.

Stephanie Oliveira (filha do jogador Bebeto) um rosto lindo, foi escolhida como modelo por Isabela Capeto. Que assinou o vestido em algodão (quase um voile ou uma cambraia, de tão delicado) marrom, montado em preguinhas e o longo com baba

dinhos estampados.


Tony Palha contou com o encanto de Ana Paula Barbosa (à direita) (neta do apresentador Chacrinha) para valorizar o chemise elaborado em estampa cashmere preta e branca. E arrasar com a desenvoltura na apresentação do longo de buquês em fundo preto, com trabalho de avesso em pink no decote afastado. Ana parou, retirou o top e exibiu costas impecáveis

Para mim, Marta Macedo foi a novidade. Nesta primeira vez que vi o seu trabalho, admirei a saia de pregas desencontradas, em tom cinza-prata. Quem passou foi a cool Ana Helena Hampshire, que mostrou o segundo modelo, de bolas em preto e branco, algumas rebordadas com paetês. Gostei mais do primeiro

O Miss Elegante Bangu pode virar uma tradição, para suprir a falta de eventos beneficentes no fim do ano. Para celebrar as festas e ajudar a quem precisa. Este revival foi bem organizado, prestigiado pela sociedade. E ainda contou com apoios generosos, como os sapatos de Manuela Carreira, as jóias de Rita Zecchin e Márcia Soleira, e as bijuterias de Francesca Romana Diana e Alberto Sabino.

Sinceramente, os cariocas não acreditam muito neste tipo de acontecimento. Não gostam do black-tie, ficam impacientes com o show, evitam jantares tardios. Mas deu certo, porque o resultado agradou, as roupas eram bonitas e diferentes. Espero que o shopping Bangu, grande patrocinador do concurso, mantenha a festa na agenda do Rio.