Mara Mac
Sem dúvida, um dos desfiles mais importantes do Rio. Mara MacDowell consegue contratar a diretora de teatro Bia Lessa, que traz idéias para o espetáculo, sem medo de interferir na visão da roupa. Desta vez, até que interferiu um pouco, tantas eram as ações no espaço. Tinha boca-de-cena com pedaços de corpos nús em nichos, ator vestido de preto, lendo um livro ou uma carta, atrizes que sentavam no chão e colavam pedacinhos de papel em cadernões, bolsas que eram largadas nos cubos espalhados pela passarela e meia dúzia de jogadores de papel encarapitados no alto da tenda. Bastante informação, concorrendo com os looks de calças meio zuavas e malhas listradas, as combinações de roxo com café ou castanho, os tricôs cinzas, com destaque para o usado por Drielle. Ou o vestido solto laranja, as amarrações. As estampas aparentemente de arabescos representavam os neurônios, já que o tema da coleção tinha a ver com a mente feminina, seus sonhos em devaneios. Mara Mac orienta a clientela na continuação de formas arredondadas, como nos vestidos com tiras soltas. Um ponto importante é o aspecto amassado nos tecidos, um toque de conforto que dispensa trabalho feminino. No final, Carol Franceschini puxou a fila de modelos portando guarda-chuvas luminosos, vestindo capas com palavras estampadas.
Bonito espetáculo, que dá brilho à semana. Mesmo com tanta performance. Ué, mas Galliano também faz verdadeiros shows e acho imperdíveis. Depois, a roupa fica visível no show-room e nas vitrines.
Aliás, devo confessar que sinto muita falta dos desfiles que o Gringo Cardia montava para a Salinas.