Algo muda, na moda. Claro, se não mudasse, deixaria de ser este fenômeno que tanto preza as inovações e reviravoltas. Primeiro, uma recessão está à vista, comentada de olhos arregalados e cabelos em pé por todos os que pretendem vender algo nesta temporada. Os Estados Unidos estão com problemas? O mundo está com problemas? Ou como comentou uma repórter do WWD, “parece que há coisas melhores para fazer”, quando descreveu a festa do Oscar e a penúria do desfile no tapete vermelho da cerimônia.
Pode ser tudo isso, mas Paris continua mudando, pelo menos aparentemente, para quem vem de vez em quando. Nas ruas, a silhueta está no triângulo invertido, o casaco evasê ou o anorak acolchoado, com capuz forrado de pele, e o legging (sim, ele continua firme) ou calça skinny. Sumiram as botas sobre os jeans estreitos, predominam os All Stars com meia grossa sobre os collants ou leggings foscos e pretos. Um look que deve entrar, quando esquentar um pouco mais (por enquanto, está entre 12 e 15 graus, mas amanhece próximo do zero), é a evolução da bata, o microvestido estampado, com
minicasaco ou bolero por cima, às vezes com cinto, e calça de alfaiataria na primavera ou pernas de fora no verão. As plataformas continuam e as sandálias metalizadas também, com tiras subindo pelas pernas, como sapatos de guerreiras.

Manish Arora
17h35

Guerreiras não faltaram na coleção de Manish Arora, que trouxe o colorido de turquesas e rubis da Índia, um cenário de panelas e frigideiras de aço inox assinado pelo artista plástico Subodh Gupta e um verdadeiro container de cristais Swarovski nos vestidos-túnicas e longos cobertos com personagens de Disney, como Minnie, Mickey e Pateta, vestidos de guerreiros; armaduras fashion prateadas, com ênfase nos ombros e barras recortadas, pontas espetantes nos cotovelos e joelhos.
As modelos portaram máscaras de tiras, algumas tinham o rosto pintado de prata. O que não foi brilho, foi couro preto, cortado em forma de corações, para montar mais uma armadura cheia de detalhes metálicos.

Para nós, brasileiros, é um tanto carnavalesco. Mas apesar da referência nos trabalhos recentes de Nicolas Ghesquiere para Balenciaga, Arora pode anunciar uma invasão do estilo Bolywood nas tendências, com todo o colorido e riqueza típicos da Índia.
Uma referência já bem filtrada é o figurino da peça montada no final do filme Moulin Rouge. Uma tapeçaria medieval encerrou o desfile, bordada em longo.
17h45
Beleza: cabelos em rabos-de-cavalo altos, saindo do arranjo-máscara, por Asashi@Caren.co.uk; maquilagem por Kabuki, com time da MAC
Acessórios: sandálias guerreiras por Casadei e Fish Fry; meias Falke (malharia maravilhosa, alemã)


Cher Michel Klein
12h35
Começo com som de sapateado, final com versão nova de New York, New York, mas um estilo absolutamente parisiense, com casacos evasês curtos e botas longas. Os modelos clássicos, duffle-coats, ponchos, trench e pulôveres de tricô enormes marcam esta mulher chic e moderna. Quase tudo em preto, claro, mas com interferências de laranja, amarelo e roxo. Para vestir por baixo, modelos de malha justos, colados no corpo ou calças de veludo frapê. Para a noite, aplicações de metal formam quadriculados e barras de saia em vestidos pretos curtos, para ousadas, os longos transparentes com rendas rebordadas de preto.

Bonito, chic e bem francês, o Michel Klein, coerente com o ambiente rico do hotel Intercontinental, antigo e mítico Grand Hotel.
Acessórios: sandálias de tiras grossas, afiveladas, em verniz preto e botas de cano longo, também de verniz

Beleza: cabelos em coque-banana, por Hugo Raiah e make por Rafael Pita, ambos do Atelier 68

Intervalo / na platéia, a brasileira Marcia Giraudy, dona da Rue Jacob, marca de cashmeres. Ela faz suéteres para outras grandes marcas, mora há quase 30 anos em Paris, para onde veio fazer uma pós-graduação em Economia e administração hospitalar / e a plataforma resiste, tanto nas vitrines de verão como nos desfiles de inverno. Está cumprindo o ciclo tradicional da moda, de cinco anos de duração e uso

Jea