Na platéia, Chris Niklas, a agente Cláudia, Milton dos Santos e eu, bem refestelada

Já, o próximo verão

Passou mais um seminário, o 14º, de tendências, organizado pelo departamento de moda e beleza do Senac Rio. Desde as primeiras jornadas, que reuniam no máximo 250 pessoas no auditório da rua Marques de Abrantes, muita coisa mudou. Mudaram as equipes, passamos por outros lugares, como a sede do Jóquei Clube na cidade e o antigo teatro Ginástico, ou até no CasaShopping. Mudaram as palavras, muita gente diz que enjoou de ouvir falar em tendência ou detesta seminários e palestras. São mais de 600 pessoas na platéia. O evento passou a se chamar Moda +
Enfim, pela 14ª vez confeccionistas, estudantes e participantes de equipes de estilo assistiram às nossas previsões, pela segunda vez vistas nos salões do hotel Sofitel Rio.
Sem comprometer as surpresas e dicas dos seminários (ainda não encontrei palavra melhor) itinerantes, conto algumas previsões importantes.
Antes, vale comentar o aspecto geral. Um salão lotado, com cadeiras dispostas em mesões, como se fosse um parlamento ou uma câmara de deputados; o livro editado com elegância, com design da Marcia Cabral. E o tamanho da sacola, feita pela Andarella? Enooorme, espaçosa.

Mírian Goldemberg enfocou pelo lado da Antropologia, a moda de verão. Falou da nossa mistura, detectada por Gilberto Freyre, dos 3 Brasis que os estrangeiros enxergam: o Rio (praia, sol, carnaval e sexo); Amazônia (ecologia, índio e floresta) e Bahia (mistura geral). Contou da diferença entre francesas e brasileiras. No Brasil, a avó quer parecer com a neta; na França, a filha quer parecer com a mãe.

Guilherme Gaspar, mestre dos jeans, distinguiu vários tipos de modelagem: a skinny, a pantalona, o fit reto e a skinny flare. Citou a Levi’s como referência e aposta no microshorts e na calça branca como bests no verão

Carol Fernandes falou muito mais do que sobre lingerie, que seria seu tema. Indicou bandas e séries como Cashmere Mafia e The Virgins como referências. E disse que charmeuses e chifons estão caindo; tules e liganetes sobem na preferência. O homewear é mais uma frente para o setor.

Gabriel Fellzenszwalb, da In Brands, e Frederico Luz, do grupo Richards, falaram sobre a formação de holdings na moda brasileira, um tema mais do que atual, mediado pela Simone Terra.

O infantil foi bem representado por Denise Bergier e Camila Niskier, da Mercado Infantil. Esta dupla acerta ao apresentar as tendências e comentar o que acham, comercialmente. Elas sabem muito, e apostam em babados, rufos e saias rodadas. A produção da Mercado chega a 40 mil peças por mês.

Marcos Lima estreou na tribuna do nosso seminário, com muito sucesso. É outro que identifica sua marca, a New Order, com as previsões do verão. Adorei quando ele apontou o turquesa como dúvida e mais, indicou o verniz como o turquesa dos materiais! Também acha as cores fluo perigosas e aposta todas as fichas no branco. Foi muito bom.

Daniela Kaplan, da Fiszpan, já virou veterana, depois do nervosismo da participação em setembro passado. Desta vez, confirmou a força dos corações e estrelas, deu Elsa Peretti como referência e avisou que a madrepérola deve voltar no verão.

Milton dos Santos veio com a experiência de quase 20 anos como repórter em Paris e agora como consultor de imagem do salão do prêt-à-porter. Falou do feminino, das novas silhuetas trapézio, das cinturas marcadas, os novos tailleurs com sobreposições e as mangas grandonas, conseqüência da onda de japonismo que anda por aí.

Foi profissional, o evento. E já está começando o trabalho de pesquisa do inverno 2009. Mais uma vez, chamo a atenção: notaram que a primeira década do século 21 já está indo?

Rolam muitos bafafás na moda. O primeiro, a ida da Colcci para São Paulo Fashion Week, carregando a Gisele. Em segundo, a ida da Reserva também. Basicamente, vejo uma diferença na reação das duas cidades, RJ e SP: os paulistas celebram estas adesões. O Rio, quando tem estas marcas, nem se liga. Podia ter um pouco mais de entusiasmo pelo evento local e seus integrantes. Moda não pode ser cool demais
Outro bafa é o caso Alice Tapajós. Laranjas, falências, vendas de pontos, um caos. Uma pena, considerando como Alice foi importante como marca.