Cavalera

Isto é que é conceitual: todas as roupas verdes, um fundo com modelos levitando, máscaras com cabeças de bichos e monstros, música alemã. A Cavalera deu show total, com roupas luxuosas em tecidos de qualidade, galochas western com cristais e saias de cós alto e capas transparentes com borboletinhas coloridas estampadas. Altos conceitos de mistérios, luz e sombra e magia, sob a égide de um poeta dadaísta, Tristan Tzara. Marcelo Sommer lidera a equipe de estilo que inclui JP Porangaba (o antigo JPig), Paulo Carvas e Emilene Galende. E Alberto Hiar reforça o apelido de Turco Louco, com um desfilão destes.

Ficha: direção: Alberto Hiar; criação: Marcelo Sommer; direção do desfile: Alberto Renault; styling: Davi Polack; cenografia: Pier Balestrini; efeitos especiais: Schiyozi Izuno; make e cabelo: Robert Estêvão; trilha: Dacio Pinheiro

Intervalo – sonho de consumo a partir desta SPFW: um monitor que é tela de TV também, o M19W531, 19 polegadas, LCD (Liquid Crystal Display, para quem não sabe), da AOC – baralhos estão na moda. Duas grifes deram de brinde exemplares da Copag – Sabrina Parlatore toda elegante, de casaco de couro e calça jeans escura, bota preta de salto. “Nada tem marca famosa”, declarou às repórteres que cercavam – Adriane Galisteu foi soterrada por fotógrafos na sala da Iódice, quando chegou. Vamos combinar, que foi ela quem começou a onda de culto às celebridades no Brasi. Ela merece todos os flashes – uma outra vip, na fila A, apavorada com a eminência das entrevistas com perguntas como “o que é moda para você?”. “Bem que eu disse que não queria sentar agora”, reclamou para a amiga não-famosa

Alexandre Herchcovitch (feminino)
O mesmo protesto contras as guerras e conflitos religiosos que usou na moda masculina, foi desenvolvido no feminino em tons mais suaves. Mais muita feminilidade, porque as roupas tipo uniformes militares em tons de bege ganharam tufos e barras de babadinhos, por todos os lados, ombros, costas, decotes e fundilhos dos shorts, vestidos e saias. Lembrou uma coleção do próprio Alexandre, a dos tapetinhos de banheiro, de babadinhos de plástico



OEstudio

Uma pausa na moda toda, como se fosse obra de um grupo de leigos, mas com o empenho de modificar o que é consagrado como bom, que é um desfile contemporâneo. Vale a tentativa, já que eles têm como lema o Try & Error. E fizeram um show interessante, com acertos como a banda de Wii, os acessórios e os vestidos criados para o lounge da Fiat. E erros como as estampas pobrinhas, lembrando os anos 60 e as roupas, ligeiramente inviáveis e completamente obediente ao que se vê na maioria dos desfiles desta semana. O que não é o que se espera de um grupo inovador, mas foi bom. Por mais que pareça estranho, foi bom.

Ficha: direcão: Pazzeto; trilha: Manga Jingle; desenho de luz: Carina Camurati; músicos: banda de Wii; maquilagem: Lavoisier; cenografia: OEstudio; designers: Anne Gaul, Christine Rabello de Castro, Fabrício da Costa, João Falcão, Nobuyuki Ogata, Nina Gaul e Peter Gaul


Anabela Baldaque
A estilista portuguesa deu enfim o toque de verão na SPFW. Vestidinhos em cores primárias, decorados com flores e arabescos brancos, curtos e de cinturas deslocadas; shorts bufantes com batas de estampa de patchwork em barras e vestidos soltos, de alças são simplicidades gostosas para os dias quentes. Rosas colorem estampas e enfeitam os cintos, presas na frente ou nas costas. Nada demais, mas prático, feminino e usável. Podemos dispensar as sandálias-tamancões e adotar os cabelões desfiados à la Amy Winehouse

Água de Coco
Mares da Grécia viraram biquínis e maiôs com estampas de cachos de uvas, azeitonas, alças de pedras, tons violetas, em Lycra-jérsei. Ou tanguinhas presas por cordinhas, quase desnudantes. Para sair da praia, nada como pantalonas com bolsos, lindonas. Para vestir peças tão chiques, nada como Letícia Birkheuer, em grande forma. Um belo desfile, em cenário inspirado nas ilhas gregas, mas que parecia uma obra de Escher, cheio de escadarias

Neon
Um sucesso, uma cobiça, os vestidos, calças e chemises do Dudu Bertholini e da Rita Comparato. Estampas assinadas por artistas plásticos abordaram o tema Mulheres das Ilhas e lançaram a moda praia, na marca Batom. Carol Ribeiro, Juliana Imai, Bianca Klamt usaram as calças ajustadas, as camisas e os pareôs com motivos indígenas, afros e reproduções de Gauguin. As bijuterias são grandonas, da Christine Yufon. No final, franjas de havaianas, e a Keyla de busto à mostra

ficha: estilo e styling Rita Comparato e Dudu Bertholini; cenografia: Marton; trilha: Boris Fratogianni; maquilagem: Lau Neves para MAC; cabelos: Paulo César Schettini

Intervalo: quando os flashes começam a perseguir uma celebridade, alguém grita “Xuxa! Xuxa!”. A rainha dos Baixinhos ainda é ícone na moda – na Neon, batons escuros- definitivamente, a vinheta de abertura dos desfiles é enjoativa. Ninguém agüenta mais ver japonesinhas de frente, costas e perfil