Avon lança perfume e traz estilista de Paris (que é bonita, competente…e brasileira)

A democratização do luxo atende à demanda por criações com qualidade, design e qualidade sem preços alltos. Uma demonstração desta estratégia é o lançamento da linha de perfumes U by Ungaro, pela Avon.
Famosa pelo sucesso das vendas a domicílio, com 1.200 mil demonstradoras só no Brasil e 5 milhões por cem países, a marca com sede em Nova York há três anos acrescenta às coleções consideradas populares um espaço para produtos mais requintados. Depois da experiência bem-sucedida em 2005 com os perfumes assinados pelo estilista francês Christian Lacroix, a Avon lança as versões masculinas e femininas do perfume U by Ungaro, que devem chegar às consumidoras antes do Natal deste ano, um presente em embalagens especiais, que marca os 50 anos da Avon no Brasil, onde as vendas domiciliares são responsáveis por 77% da venda de fragrâncias. Tanto a versão feminina como a masculina têm preços em torno dos R$ 79.


A musa global do U by Ungaro é a atriz americana Reese Witherspoon, que aparece na campanha com o pôr-de-sol de Paris ao fundo. A loura veio rápida, apenas para a convenção interna, não apareceu no lançamento oficial.

Mas nem fez falta, porque em São Paulo, na quinta-feira, o que seria mais uma ação de marketing, contou com a presença da própria estilista da linha U, Camila Perez. Que é brasileira, filha de pai hispano-americano e mãe paulistana. E é exemplo de profissional moderna e globalizada. Começou pelos estudos na Graded School, a escola americana de São Paulo, mudou para o México e continuou os estudos no Boston College, onde cursou História da Arte.
“Foi uma base maravilhosa de cultura e arte, que até hoje uso nas minhas criações”, contou Camila, na rápida passagem pelo Brasil para a coletiva dos perfumes. Além da Arte, decidiu aprender mais sobre moda, partiu para a escola Marangoni, em Milão e para cursos de moulage em Paris. A base de conhecimento era grande, ainda faltava o lado prático da profissão de moda.
“Pois é. A esta atura, me apaixonei por um belga, casei, fui para Antuérpia. Fomos sócios em uma marca, a Marien Perez. Aprendi tudo de produção, coleção e lojas de moda, foi bom por este lado. Mas fechou quando o casamento acabou, não tinha jeito. Achei que era hora de me afastar um pouco da moda, dar um tempo no Brasil.
A temporada de um ano e meio na galeria Leme, em São Paulo foi interrompida por uma amiga que soube que a maison de Emanuel Ungaro estava renovando a equipe. Veio o inesperado convite para apresentar desenhos de coleção para a nova linha da grife parisiense. Para a marca fundada em 1965, que andava trocando de estilistas depois que o titular saiu de cena – um deles, Robert Forrest, atualmente é consultor de marcas e eventos no Brasil -, era o momento de uma revitalização do prestígio.
“Mandei aguns desenhos. Depois de alguns dias, recebi o telefonema, perguntando se poderia estar em Paris em cinco dias. Claro que fui, passei pela entrevista, que não foi fácil. Fui bem maltratada durante duas semanas…(risos). Na época, eu sabia muito pouco do DNA da marca. Mas fui aprovada, chamada para ir para Paris e trabalhar na sede, na avenue Montaigne, onde estou há quase dois anos”
A sede é parisiense, Camila deu a sorte de encontrar um apartamento próximo do escritório, mas a rotina deixa pouco tempo para curtir Paris ou a prancheta na sala ao lado do colombiano Estéban Cortazar, responsável pela primeira linha, a Ungaro, a única que desfila nas semanas de moda. Só neste espaço de tempo, a criação e o desenvolvimento da U by Ungaro levou a estilista três vezes para Tóquio, lugar onde a U faz sucesso com o jeito jovem das roupas. As camisetas têm truques de alta-costura, como drapeados nas mangas e decotes, os vestidos são curtos, como gostava de fazer o próprio Emanuel Ungaro nos anos 80. O espírito parisiense original do estilista está presente, mas há muito de Brasil nas coleções . O corte dos jeans, que encantou as japonesinhas e as russas, decorre da experiências da Camila com o estilo brasileiro, “nosso corte valoriza o bumbum. A brasileira domina como ninguém o jeito de vestir sensual, sem ficar vulgar”, confirma a estilista. Que não pretende parar por aí. Nesta nova fase da marca, que atualmente pertence ao empresário americano Amir Abdullah, há liberdade de criação, desde que mantenha o DNA Ungaro – isto é, luxo, qualidade e o espírito parisiense -, vamos admirar coleções inteernacionais com o toque brasileiro. Para a próxima temporada, Camila homenageia a Arte, pensando na obra de Oscar Niemeyer e Burle Max.

Aqui ao lado, o começo desta história toda: o próprio Emanuel Ungaro, com uma de suas modelos, nos anos 70. Filho de imigrantes italianos, o pai alfaiate, nasceu na Provence e foi para Paris, para estudar moda. Estudar é pouco: ele conseguiu trabalhar com nomes como Balenciaga e Courrèges, abriu a maison própria em 1965. Criava modelos estampados, femininos, curtinhos e coloridos, um sucesso na década de 80.