Acabou bem!

Enfim, abaixo de chuva e ventania, o último dia da semana de desfiles de Paris deu uma animada, apesar de algumas urubuzices rondando. Nem se trata mais da lenga-lenga de crise americana, falta de vendas. Trata-se do troca-troca de estilistas e donos de marcas. Valentino troca de criador – não estava dando muito certo, a atual. Celine, idem. Cacharel foi muito fraca, sem o casal Clements Ribeiro. E ha a ameaça pairando sobre Alber Elbaz, o querido estilista da Lanvin. Tanto Lanvin quanto Lacroix estao em vias de serem vendidas. Vamos ver o que acontece.

Estas mudanças não afetam os criadores. Ontem foi um dia muito bom. No mínimo, pela Louis Vuitton, em um dos melhores trabalhos assinados pelo americano Marc Jacobs. As trilhas anunciavam parte do conceito: antes do desfile, canções de filmes musicais como Chicago, Cabaré, Hello Dolly e até o Muppet Show. Durante o desfile, Edith Piaf. O estilo americano e tradições francesas se refletiram nos casacos de mangas bicolores, mas com ombros pontudos, dos anos 80, auge de estilistas parisienses como Thierry Mugler e Claude Montana. Jacobs cumpre o ritual da referência étnica, nos grandes colares, nos brincos de argolões, nos cintos-obis e nos cabelos tipo poodle. Alguns destaques: as calças largas de poás brancos sobre fundo rubi ou preto; ou em jeans com bolsos virados, ou a reta, caramelo, em look com túnica marinho, de mangas três quartos. Decotes de tiras cruzadas ou alinhadas valorizam as costas. As colecionadoras de bolsas Vuitton vão disputar as carteiras com entalhes de cristais coloridos e as bolsas em couros dourados, maleáveis.

Aplausos de pé receberam os vestidos drapeados e amarrados, as faixas pregueadas atravessando o busto, os tubos montados em pences, com grandes fechos aparentes na lateral, as combinações de rosa-seco e preto, ou bege e rosa, magenta e vermelho, com parte preta. Ou dois tons de azul ou de verde. Os sapatos cintilavam com cristais nos saltos e nas gáspeas. Colares suntuosos, escarpins cristalizados, drapeados e pregueados. Muito bonito, perfeito para a vida real, mas com consistência de moda. Só que a moda atual tem um lado business pesado. Precisa dar lucro (tem dado, nesta fase Alber Elbaz), e tem acionistas. Falar em bolsa de valores a esta altura, hummm…