Blue Man, ao longe
A sala grandona, espaçosa, não é ideal para apreciar moda praia. Pecinhas, estampas pequenas, detalhes de biquinis somem no meio do salão. Foi o que aconteceu com a Blue Man, tão bonita com a inspiração no Caminho do Ouro. Mesmo quem estava na fila A, com direito a almofadinha e bolsão de lona com bolsinha recheada de absorvente Intimo, teve que apertar os olhos para enxergar os detalhes dos biquínis, entender as transparências dos maiôs e descobrir as laçadas tiradas dos espartilhos antigos. Mais visíveis foram as flores de chita e as combinações de listrados de Debret e os azulejos portugueses. Nas sungas, grandes, repete-se o mesmo efeito de transparências em recortes.
O elenco reuniu as belas Fernanda Tavares, Ana Claudia Michels, e o belo André Rezende, de volta à passarela. Nos acessórios, a graça de mostrar tamancões de tiras transparentes com solado acompanhando o colorido das estampas.
Intervalo / a sala de imprensa é pequena, mas tem uma vista bonita, da orla de Copa. Poucos lugares, nem quem chega com notebook próprio consegue um espacinho. Ou uma tomadinha, preciosidade nestas horas / uma ventania do sudoeste afastou as nuvens pesadas que ameaçavam temporal. Caiu uma chuvinha, e só. Isto é importante em evento ao ar livre, ou em tendas no alto de um morro / alguns atrasos começam a complicar avida de quem tem horário de redação / na platéia da Blue Man, dona Sol Azulay, mãe do David, e Julio Abulafia, ex-sócio do Simon na Yes, Brazil / na fila A, Deborah Bloch, tão chique quanto a filha adolescente, vestida como menina de classe /
Salinas, com cheiro de maresia
Bom, a Salinas se deu melhor em matéria de visibilidade porque seus modelos eram mais lisos, sem tantos detalhes. E muito fofos, com acessórios feitos de pauzinhos de picolé, pompons e pirulitos multicoloridos. Alças duplas, sobreposição de tule listrado sobre biquíni em Lycra e a boa para a turma que não tem 1,80m nem veste 40: o maiô-camiseta, soltinho! Já pensaram, que ótimo, nada apertado, nada de cintura fina, ôba.
As sandálias plásticas ficaram lindas com os pompons nas mesmas cores. Fiquei até na dúvida se preferia uma laranja ou preta…
Jaqueline di Biase, ex-modelo e autêntica menina de praia lembrou dos mergulhos na infância, da chuva no fim de tarde e da sensação de chegar em casa para tomar banho e tirar a água salgada. Ô delícia, tinha até esquecido destes lances.
Intervalo / muitas perguntas no ar, em volta, a cada intervalo. Os jornalistas cariocas estão chateados porque acham que os paulistas são mais bem atendidos? Será que vai dar certo?
Os jornalistas paulistas estão chateados porque há mais atenção para os jornalistas estrangeiros? Você está na fila A? Só falta: de onde viemos, para onde vamos? Bizarro, não é? Afinal, é um evento igual a todos os outros, depende da repercussão de mídia e de vendas (nisto, acredito menos), e vamos em frente. Só tem um detalhe, que noto agora: contribui para esvaziar os eventos que viriam em seguida, nos outros estados. Centraliza a projeção de moda no eixo Rio-São Paulo, muito à frente dos outros points que lutam para serem lançadores.
Adriana Degreas, ainda falta
É até covardia botar a Adriana logo depois da Salinas e da Blue Man. De repente, na passarela de veludo no Copa ficou tudo pesado. Os maiôs pretos, com texturas acetinadas, entalhes transparentes, cintos e flores ainda convencem sob o pretexto da praia-couture. Os estampados de leopardo, ok, já que era um revival dos anos 60, década das panteras colunáveis. Mas fica difícil imaginar em uso os maiôs e vestidos curtos, túnicas e ponchos de renda aplicada preta. Ou os dourados do final. As estampas com fotos em sépia da construção do Copa ainda têm seu lugar, o longo com a foto de Carmen Mayrink Veiga é simpático pelo carinho.
Mas o show com Bebel Gilberto foi longo demais, atrasou a passarela. A coleção podia ser cortada em um terço, para aumentar o impacto. Enfim, foi uma estréia em território carioca. A próxima deve ser melhor.
Intervalo / são 23h23 e ainda estamos esperando pela performance da 284 no galpão da The Week