Lenny e Oskar

Tenho na memória alguns desfiles memoráveis. O primeiro que vi, do Valentino, na Fenit, na década de 60; um de guarda-chuvas abertos do José Augusto Bicalho, em um Janeiro Fashion Show. Outro do Georges Henri, no show-room no alto de um prédio na rua Siqueira Campos, um do Fause Haten no Mube. Um Ocimar Versolato, já quase fora de Paris, na embaixada brasileira. Muitos da Dior, na maison, sentada na escada; na estação de Austerlitz, na Ópera de Paris. Um Gaultier com inspiração na Frida Kahlo, um Saint-Laurent, de odaliscas, um Claude Montana com Betty Lago correndo na abertura. O primeiro, da Comme des Garçons; o último, do Kenzo com o Kenzo; o primeiro, do Kenzo com Antonio Marras. O primeiro da Forum, no Copa, que lançou o estilo destroy belga no Brasil.
São muitos, e a lista ganha mais este final do Claro Rio Summer, em que Oskar Metsavaht e Lenny Niemeyer arrasaram desde a ambientação na tenda na praia de Ipanema, até as coleções. Oskar, com o estilo cool de Ipanema, que muita gente talvez não se ligue, porque nunca prestou atenção nos dias de céu branco, chuvinha de tarde, as calçadas em preto e branco, a silhueta negra do Dois Irmãos. Em cinza, preto e branco, as vitrines da Osklen vão mostrar duas-peças drapeados com capuz, cardigãs listrados abertos nas costas, macacões de malha largões para os homens, uma continuação do inverno. Lenny desenvolveu ainda mais os drapeados nos biquínis, agora com calcinhas bem menores. Tem que ver, para avaliar a perfeição da textura das malhas caiadas de branco, as estampas de bambus e a proporção dos amarrados.

Foi o próprio final feliz. E fui.