Dries van Noten
16h30
Um espelho vertical enorme refletia a passagem das modelos. Só isso, já dava uma dramaticidade incrí­vel. A coleção tem aquele ar de perfeição viável, a moderna combinação de antigo e urbano, de romance e beleza. “Belelza perturbadora”, como definiu o estilista belga.
São muitos casacos de faixa amarrada, muitos blazers com calças pregueadas – lembrando o que fazia a Movie, marca do Rio, nos anos 70. Nestes looks, há um jogo de cores deslumbrante. Roxos, verdes e rosas, estampas de cobra, onça, flores. Sempre, em preto e branco, estes padríµes. E aplicados como se fossem recortes ou pregas interrompidas. Isto é novo! Isto é reinvenção, é quase matemática. Pegar uma estampa batida como a onça e transformar neste retalhos retilí­neos, em preto, branco e cinza, é novo. Além dos tecidos, há o couro em saias-calças (mais anos 70); casacos curtos com faixas, em tom berinjela e calças pregueadas em verde-água.
Nada de meias pretas foscas. As pernas são calçadas em tons claros; nos pés, escarpins e botas de saltos de cobra.
No final, há texturas franjadas, blazers mais femininos, em paetês e estampas novamente em preto e branco, que lembram fundos de obras de Gustav Klimt.
Arrasador, o Dries van Noten

A ficha técnica fica de fora, porque não havia papel impresso para todos os convidados.

Intervalo / O Liceu Carnot, onde o van Noten mostrou a coleção é um prédio grande, um quarteirão, um dos colégios mais antigos de Paris. De um lado da porta exibe uma placa onde se lê que 80 alunos de famí­lias judias foram mortos pelos nazistas. Do outro lado, um cartaz avisa que há uma permissão de demolição! Este cartaz está semi-encoberto por papéis com frases do tipo “para ter um liceu novo, basta reformar”. Não sei se é verdade, mas seria muito triste ver este prédio ir abaixo / ao meu lado, na entrada, um convidado sem lugar marcado pegou uma canetinha preta no bolso e calmamente escreveu um lugar fictí­cio, um Db2. Não convenceu os seguranças e poucos minutos depois estava de volta à fila