Dólar a R$ 5, frio de rachar, companhias aéreas lotadas, passagens caras (por causa do dólar). Nada desanima quem está com abstinência de viagem. 

Vou comentar sobre uma experiência que ainda não tive, por alguns depoimentos que me desanimaram e acabo recorrendo aos hotéis favoritos, onde as equipes me chamam pelo nome, perguntam o que quer dizer a letra de uma música brasileira (aconteceu com o “assim você me pega”, do Teló, e eu não tinha ideia da letra…).

O tema é a hora de tomar esta decisão: ir para um hotel ou para um airbnb (em inglês, air, bed and breakfast ou seja, ar, cama e café da manhã). Casa de amigos nem sempre é opção. Então, que tal um belo apartamento alugado por temporada?

Esta foto é de um exemplo, um apartamento em Cancún, da lista do Decolar.com, que agora oferece também este serviço.

Tenho algumas histórias reais, que costumam pesar na hora da escolha. Principalmente em Paris, onde vou com mais frequência a trabalho. E principalmente no hemisfério norte, no inverno. 

Minha amiga e chef Monique alugou um belo ap, no 16, quarteirão nobre de Paris. Tudo certo, código da porta anotado, chaves com a concierge (porteira), chegada à noite. Temperatura: 5 graus. As malas quase nem foram depositadas no chão, por um motivo simples: como funcionava a calefação? O anfitrião (como se chama o dono do ap) não atendia ao telefone. A família toda saiu e foi para um hotel, onde o quarto era quentinho, tinha room service e gente para atender a pedidos.

Outra, esta também de Paris, onde muitos prédios têm mais de 200 anos. Família brasileira viaja com toda a bagagem permitida pelas companhias aéreas. Que tal, chegar no prédio gracinha de Saint Germain e descobrir que não tem elevador? E o apartamento fica no quinto andar? Imagina a brigalhada com as crianças, cansadas do vôo de 11 horas.

E tem o outro lado. Alugado para um grupo de garotas alemãs, o apartamento no 16 (com elevador) foi simplesmente redecorado pelas inquilinas, com direito a mudança de lugar até dos quadros! Sem falar nas festinhas diárias, que mancharam todos os estofados.

Ou na Flórida, em Orlando, onde condomínios têm casas ótimas para estadias curtas. Ocupantes levarem aparelhos eletrodomésticos seria quase previsível, assim como o estoque de papel higiênico, todos os produtos de limpeza. Quebrar a máquina de lavar louça também é previsível, tem gente que não usa este tipo de aparelho na própria casa. Só que todas as casas destes condomínios incluem um espaço fechado, supostamente sem acesso para os viajantes, com coisas dos proprietários, é o owner´s room. Aí, dá ruim. As pessoas não se conformam vendo uma porta fechada, uma proibição de acesso. Este espaço é arrombado, os objetos roubados. Dá problema, vem polícia, ficha todo mundo depois de pedir as notas fiscais dos objetos (notas estas que não existem, claro) e os inquilinos só admitem que roubaram quando as imagens das câmeras de segurança são exibidas. São expulsos do condomínio e arriscam perder o visto americano. Se sapatearem muito, quem sabe, uma deportaçãozinha? O que me parece mais incrível é que são famílias que pagaram passagens, os altos preços dos parques e o próprio aluguel da casa. Quer dizer, não precisam levar “brindes”, arrombar portas e detonar as casas.

Estes são os dois lados que acabam com meu sonho de ter uma casa para fingir que é minha quando viajo. Prefiro ir para o La Tour, hotelzinho em Montparnasse, indicado pela Celina Cortes, dirigido pelo Monsieur Frank. Ou para um Marriott Residence em Nova York, meio longe da Broadway, mas de bom preço e muito espaço. Em Londres, fora o tempo dos maravilhosos hotéis dos tempos de editoria de turismo, ainda não achei o “meu” hotel. Nem em Colônia_ a última escolha tinha um café da manhã maluco, um bufê disputado aos empurrões e os hóspedes sentados em sofás. Um pouco “casa” demais para meu gosto.

Mas airbnb ainda não me convenceu. Quem sabe, a Decolar tira esta impressão?