Foi um belo começo para o novo Fashion Rio. Depois de uma coletiva estranha, onde a imprensa ficou toda em pé – modelo standing coletiva, talvez -, de alguns apartes divertidos por parte – pasmem! – do prefeito Eduardo Paes (entre outras, disse que era mais fashion do que o Gi lberto Kassab, colega e amigo, prefeito de São Paulo, e que seria muito dificil competir com a paisagem do Rio, em relação às coleções que os estilistas apresentariam) e dos quitutes do bufê Aquim,  rumaram todos para as apresentações do Rio Moda Hype, que abriram os desfiles da semana.

E abriram com categoria. Nota-se como a qua lidade dos participantes me lhorou. Deixaram de ser os amadores, estudantes recém-formados, cheios de idéias mal executadas e se transformaram e um grupo de onde poderão realmente sair nomes novos para a nossa moda.
Uma boa também é a quantidade de novos investindo em moda masculina. Ainda são um pouco extravagantes, considerando a caretice dos consumidores, mas são propostas, pelo menos. Vai que eles gostam e adotam?

Fernanda Yamamoto: com o tema Pescametria, deixou de lado a severidade das outras edições e mostrou um lado mais alegre, cheio de vestidos curtos, montados em retalhos, calças com abas laterais, colares, bolsas e pendurica lhos em forma de peixes estilizados. Trancinhas de um lado só nos cabelos.

Martins Paulo: as personagens de Almodovar foram pretextos dos vestidos e camisões de cintura marcada por cintões pretos, com saias de babados. Bem espanholas, roupas em cores fortes, como ele gosta de fazer: azulões, vermelhos, verdões, misturados com oncinhas e rabiscos. A quase peruíce foi quebrada pelos escarpins de verniz preto, usados com meias curtas

Bruna Ribeiro: fez Vari (as) ações, estudo em torno de macacões e macaquinhos com bolsos, tiras, tressês, laçadas e ilhoses. Um pouco uniformes de mecânicos, com chaves como pingentes. Acessório? Uma botinha de plástico transparente. Para feminino e masculino

Vitorino Campos: muito bonito o conjunto deste pernambucano, com pregueados em off-white, muita assimetria e grandes laços nas costas e frente de vestidos soltos, bem cavados. No final, deste estilo inspirado em uma banda islandesa (estes meninos vivem buscando origens exóticas), vieram modelos montados em retalhos brancos e cores de folhas secas, ao longe lembrando o Melk-Zda

Lore: uma graça, a história da dupla Lorena Rosada e Renata Vieira, que tiraram o tema Jogando com a sorte, das barraquinhas de sorte das feiras do Recife. Muito vestido curtinho, com estampas coloridas, enfeitadas por amuletos. Ou o estampado com maçãs do amor, ou o modelo com mangas de mago, com fendas. Como acessório, os pingentes co loridos e as sandálias-gaiola, montadas em tiras de couro

Julia Valle: esta é chique. Faz maravilhas com moulage, pregas, repuxados e amarrados. E ainda enfia uns pedaços com brilho de paetês amarelos, em um dos ombros ou em um lado só da barra da saia. Uma combinação meio Saint- laurent, no look de blusa drapeada laranja e saia pink. Quando a Julia apareceu no final, nossa, que saia linda ela vestia, em preto e cinza, com fios prata

Depois de um intervalo com direito ao som de novas bandas (boas, por sinal), desfilou o segundo lote do Rio Moda Hype:

Butch: foi um sucesso. O elenco de sungas com cristais e gravatinhas borboletas provocou gritos e assobios da platéia. Juliano Corbetta (se bem me lembro, é gaúcho), não sei se inspirou ou homenageou os rapazes de Copacabana, que chamou de lords de Copacabana, com estas sungas de gogo boy, cartolas e gravatinhas. Bom, deve ter seu público

Stefania: a menina de Brasília também merece entrar para o clube das chiques. No mínimo, pelo macacão em moulage de dobra, em branco-gelo e por ousar, em meio a onda de minivestidos, mostrar o longuete, comprimento abaixo dos joelhos. Pena que cada participante do RMH só tem direito a 10 looks. É pouco

Alisson Rodrigues: faz masculino, e optou pelos brancos e cinzas, com alfaiataria leve, bermudas estampadas em quadrados em tons de rosa e um final de jeans respingados nos macacões. Gente, a esta altura já julgo sem a menor condescendência estes novatos, porque eles são tão bons que suportam uma avaliação comum. O Alisson é bom, merecia mais tempo de sala

Jotadê: masculino e feminino, jogando com um jeito meio tango. Coletões, calças pregueadíssimas, de cós alto, maiôs cinzentos, suspensórios estilizados. Ótimo o macacão com paletó em risca-de-giz, super bem cortado. Um detalhe, o fecho de porta-níqueis antigo, como bolso ou como fecho de uma mochila. Como em todos os companheiros de Rio Moda Hype, Jotadê teve pelo menos uma modelo negra no elenco.

Ursula Felix: a baiana demonstrou toda a habilidade nos pregueados em todos os sentidos, nos enviesados, no domínio de cartela. O resultado às vezes parece esforço de costura demais, mas o conjunto ficou coerente. E quem sabe fazer roupa tão complicada, sabe fazer a mais simples

R. Groove: O Henrique evolui bem, capricha cada vez mais na alfaiataria e não perde a graça dos paletós azuis-clarinhos sobre bermudas-saruel, nos coletes e calças também de modelagens mais volumosas. Na estampa, uma estilização de onça, que aparece em calças ou combinada com listras em uma jaqueta.

Intervalo / o modem da Tim não pega sinal no cais, apesar de conectar rápido. Como pode? / em compensação, o wifi da sala de imprensa está a toda / Napoleão Lacerda avisou que está estudando Fashion Business (não é o salão) para lançar a Anapoleana, cheia de camisetas e outras cositchas / que diferença faz um prédio / Paulo Borges estava todo pimpão, de jeans Herchcovitch, camiseta mescla Hering e paletó com lapela xadrez do Junia Watanabe. “Um misturadinho”, definiu ele / Nelson Alvarenga veio ver de perto a montagem. Traz a Ellus pra cá, Nelson / Rodrigo, da Fábrica de Idéias, anunciou que a Fevest será mais cedo, de 7 a 10 de julho, em Nova Friburgo, e só com marcas locais